Enviada em: 28/09/2017

No início dos anos 2000 ganhou destaque entre os jovens uma nova tribo urbana, a dos chamados "Emos", com suas roupas pretas, amantes de músicas com temas tristes e muito sensíveis emocionalmente. A ascensão desse grupo é um exemplo que revela os traços de depressão presentes na juventude brasileira atual, confirmando as estatísticas que indicam o aumento dos casos dessa doença entre esse público. Perante a isso, convém analisar que a explicação para tal problema passa pelo ambiente familiar e pelas pressões sociais sofridas por esses jovens.    Nesse sentido, ao acompanhar pesquisas realizadas pelos Conselhos de Psicologia e Medicina, pode-se ver com clareza os inúmeros episódios traumáticos a que muitas crianças e adolescentes estão expostos no seio de sua família. São tantos os casos de abuso sexual, violência doméstica, rejeição, separações, dentre outros males presentes em diversos núcleos familiares que, não seria exagero afirmar serem raros os indivíduos que passam pela fase mais tenra da vida sem vivenciar algum desses traumas. Com isso formam-se jovens severamente abalados, um exército de deprimidos que por vezes se refugiam nos vícios ou chegam a buscar o suicídio.      Além disso, como afirmou o sociólogo Zygmund Baunam, vivemos uma modernidade líquida onde as relações interpessoais se desenvolvem com inconstância e rapidez. Nesse contexto, é notório que a juventude vem sendo alvejada pelas pressões sociais que, induzem a incessante busca pelo sucesso individual de acordo com os moldes imediatistas da contemporaneidade. O problema é que a realização pessoal é um projeto a longo prazo e não algo instantâneo, diante disso, o público juvenil é submetido a frustrações e sentimentos de inferioridade quando não consegue alcançar os ideais que a sociedade lhe exige, o que também contribui para o desenvolvimento de quadros depressivos.       Diante desse panorama nacional onde diversos problemas familiares e dilemas sociais têm afetado a saúde psicoemocional da juventude, medidas precisam ser tomadas. Seria interessante que o Ministério da Educação promovesse palestras nas escolas, em que psicólogos atuariam alertando pais e alunos sobre os sintomas e causas de depressão em crianças e adolescentes. Ademais, poderiam ser criados pelo SUS, núcleos regionais de atendimento psico-social exclusivamente voltados para jovens com transtornos depressivos  e vítimas de traumas.