Enviada em: 26/10/2017

A segunda geração romântica, durante o século XIX, apresentou à sociedade brasileira, através de obras pessimistas  e personagens melancólicos, uma tristeza profunda e a idealização da morte. Fora do contexto literário, hodiernamente, o Brasil expôs um crescimento acelerado em casos de depressão na adolescência. Tal realidade pode ser explicada pela fragilidade das relações interpessoais na contemporaneidade, bem como, também, pela exigência do pertencimento aos padrões sociais.  Em primeiro lugar, as relações familiares podem se destacar como uma das causas do aumento da depressão na juventude. Isso porque, em muitos lares, não existe mais o hábito do diálogo e da proximidade, inclusive, entre pais e filhos. Bauman, em sua metáfora "modernidade liquida", explica que, no mundo moderno, as relações pessoais tornaram-se fluidas e sem importância quando comparadas com a necessidade de produzir e de se manter presente no mundo virtual. Consequentemente, diante desse novo cenário, os jovens quando expõem suas angústias recebem dos pais o diagnóstico de fracos e sentimentalistas, o que torna-os ainda mais vulneráveis.   Outrossim, os padrões estruturados pela sociedade, por vezes, desencadeiam decepções perante o sentimento de inadequação social. Bullying, insatisfações com o corpo e o preconceito contra a orientação sexual são alguns dos fatores que compõem um conjunto de frustrações no período de transição da infância para a adolescência de um jovem, ratificando, desse modo, a intensa fragilidade dessa fase da vida para desencadear sintomas depressivos e pensamentos autodestrutivos. Prova disso, é que segundo pesquisa da Universidade Federal de São Paulo, 12% dos jovens brasileiros entre 12 e 18 anos sofrem com a doença.    Torna-se evidente, portanto, o quanto as condutas sociais podem colaborar para o desencadeamento da depressão na adolescência. E para atenuar o problema, os pais devem retomar o hábito de construir laços afetivos com os filhos, por meio de diálogos passíveis que criem no adolescente a confiança para tratar de assuntos que lhe angustiam, objetivando, dessa forma, identificar e tratar os casos de depressão para que consequências autodestrutivas não cheguem a acontecer. Ademais, cabe a mídia, por meio de programações e da rede, disseminar, conteúdos que desconstruam os padrões idealizados, enfatizando a importância do respeito ao diferente, visando, a longo prazo, enfraquecer o sentimento de exclusão por não pertencer a tal idealização. Com essas medidas, no futuro, essa doença voltaria a ser um fator, exclusivo, da literatura romântica.