Enviada em: 10/10/2017

O Sofrimento do Jovem Werther, livro considerado marco inicial do Romantismo, introduziu no mundo germânico uma onda de suicídios sem precedentes. Muitos jovens dessa época se identificavam com a angústia depressiva do personagem e buscavam a resolução de seus problemas do mesmo modo que ele: tirando a própria vida. Em situação análoga, os jovens do Brasil contemporâneo passam também por um surto de depressão. Nesse caso, os principais fatores para o aumento desses índices são: a pressão do sistema escolar e a desilusão nas relações pessoais.     Em primeiro plano, o Brasil vive uma cultura meritocrática, em que o jovem é estimulado de forma veemente a buscar a excelência no sistema educacional. Entretanto, essa realidade não é possível para todos, visto que a escola não contempla a pluralidade de habilidades possíveis. Essa situação leva à frustração de alguns alunos, que não se sentem capazes de serem bem sucedidos na vida. Prova de que a meritocracia é um fator que leva a depressão são os números maiores de casos dessa patologia em países de ética calvinista, que diviniza o lucro, como EUA e Holanda.       Cabe ressaltar, também, que a efemeridade das relações atuais, aliada à *idealização, é um fator que aumenta os índices de depressão entre os jovens. Nesse sentido, de acordo com Bauman, as relações interpessoais contemporâneas se tornaram muito mais fluidas, ou seja, duram menos e não tem propósito definido. Entretanto, ainda há o predomínio de idealizações românticas na mídia, a partir de inúmeros filmes e livros. Essa contradição pode levar grande parte dos adolescentes a achar que possui uma vida fútil e imperfeita, algo que, se não for tratado, pode levar a depressão.       Torna-se evidente, portanto, que os altos índices de melancolia patológica entre os jovens são frutos da meritocracia nos colégios e da contradição nas relações humanas. Para solucionar esse problema, medidas são necessárias. Nesse sentido, o Ministério da Saúde, aliado ao da Educação, deve instituir consultas periódicas de alunos com psicólogos dentro dos próprios colégios, a fim de tratar frustrações antes de se tornarem mais graves. Além disso, os Centros de Valorização à Vida devem aumentar o número de postos físicos de atendimento, a fim de ampliar o acesso a jovens que não tem internet e passam por angústia profunda. Apenas assim, casos como o "Efeito Werther" irão ficar apenas na história, e não como uma relação análoga à brasileira.