Enviada em: 08/03/2019

O terror das décadas anteriores foi, sem dúvida, a ascensão colossal e sem precedentes da AIDs, após sua descoberta em 1983. O vírus foi tido então como o "Mal do Século", e o maior medo na vida de jovens e adultos dessas gerações. Atualmente, com o avanço da farmacologia, e mais especificamente da epidemiologia, esperava-se que a maior disponibilidade de informações acerca de contágio e formas de transmissão de DSTs, em geral, resultassem numa mitigação abrupta de casos de infecção. Entretanto, dados brasileiros apontam, paradoxalmente, para um recrudescimento nos casos de contaminação; uma clara alusão a banalização que tais doenças sofreram no decorrer dos anos.             O constante medo que viviam as sociedades das décadas de 80 e 90 derivava, sobretudo, do desconhecimento que se tinha acerca das doenças sexualmente transmissíveis, frequentemente associadas a promiscuidade ou fruto de relações homossexuais. Entretanto, a morte de famosos, como Cazuza, Freddie Mercury e o filósofo Michel Focault chocou a humanidade, pelo caráter mortífero e universal das doenças, aproximando suas respectivas realidades à dos ídolos que padeceram. Dessa forma, a ignorância, que desfrutava aquela sociedade, alimentou o medo, e foi o principal propulsor do progresso em campanhas maciças de prevenção ao contágio das DSTs.        Não obstante, os jovens da atualidade não vivenciaram os momentos de ojeriza no passado, e cresceram absortos numa época em que a medicina é capaz "controlar" as doenças, e eventualmente até curá-las. O surgimento dos coquetéis contra a AIDs, ou antibióticos específicos para Gonorreia são exemplos práticos desse vislumbre de garantia contra as DSTs, e que fomentaram um relaxamento no uso de métodos simples e eficazes como preservativos, em relações sexuais casuais, culminando em índices alarmantes no que diz respeito a propagação de tais doenças. Por conseguinte, o conhecimento que se fora desenvolvido nos últimos anos contribuiu, controversamente, para banalizar o mal que as DSTs de fato representam, tidas hoje como "coisa do passado", e implicando em mais de 29.000 casos de contaminações nos últimos cinco anos, sobretudo entre a faixa etária de 20 a 29 anos.       Em suma, explicita-se que que a instrução e esclarecimento desses jovens é de grande importância, e deve ser mediada pela coadunação do ministério da Saúde com o Governo Federal. Assim sendo, campanhas públicas para a realização de exames, além da distribuição e incentivo ao uso consistente de preservativos nas relações se fazem necessários para assim se reverter a situação crítica da disseminação de DSTs entre os jovens do Brasil.