Enviada em: 02/04/2019

Em "20.000 Léguas Submarinas", Júlio Verne vislumbrara uma sociedade moderna imersa na evolução e no otimismo. Contemporaneamente, no Brasil, a ideia do autor foi, em parte, consubstanciada. Entretanto, o complexo panorama de desinformação instaurado no país promoveu um aumento de doenças sexualmente transmissíveis(DSTs) entre os jovens, o que prejudica a harmonia da Nação. Isso se deve, principalmente, ao ultraconservadorismo e ao descaso estatal.        Diante desse cenário, a construção cultural brasileira - pautada, sobretudo, em dogmatismos - está diretamente relacionada ao aumento de DSTs na juventude. Isso porque a camada conservadora do país abomina pautas importantes como a educação sexual, o que dificulta o processo de informação dos jovens acerca das doenças sexualmente transmissíveis. Esse pensamento é naturalizado pelos brasileiros, o que compreende um risco à proteção da vida dos adolescente do país, tendo em vista que notícias como a divulgada em 2016 pelo portal UOL - em que mais de 20% da população acredita que existe uma cura para a AIDS - demonstram a ignorância do corpo social. Dessa maneira, é evidente a necessidade de mudanças nesse contexto de conservadorismo exacerbado.         Outrossim, segundo o escritor Simon Schwartzman, em sua obra "Bases Para o Autoritarismo Brasileiro", o Estado apropria-se de sua função pública para satisfazer interesses privados. Indubitavelmente, a negligência estatal no que se refere à difusão de informações aos jovens está de acordo com o pensamento de Simon. Essa realidade ocorre porque tal medida não gera lucro para a máquina estatal, sendo, portanto, secundarizada pelos governantes. Tal cenário de desprezo para com a medicina preventiva ratifica a dificuldade de combater o crescente aumento de DSTs na juventude, já que avanços como a Profilaxia Pré-exposição ao HIV(PrEP) - prevenção ao vírus da Aids, indicada aos grupos de risco - não são amplamente divulgados, o que perpetua a ocorrência desses casos, embora existam recursos para atenuá-los. Dessa forma, torna-se imprescindível uma alteração nesse quadro.           Urge, portanto, que medidas sejam implementadas para diminuir a transmissão de DSTs entre os jovens no país. Nesse sentido, cabe ao Ministério da Saúde criar um projeto de educação sexual que contenha informações acerca de doenças sexualmente transmissíveis. Esse recurso deve ser divulgado nas escolas - por meio de palestras com profissionais da saúde - para estudantes de 11 a 18 anos, atuando na prevenção e tornando acessível o conhecimento aos adolescentes. Concomitantemente, esse programa deve ser difundido para toda a população,  em jornais e na televisão, mostrando dados que comprovem o benefício dessas medidas, para que seja de compreensão geral a necessidade de informar a todos e o conservadorismo descomedido seja, aos poucos, desconstruído.