Enviada em: 23/09/2017

Vive-se em uma modernidade líquida - conceito do sociólogo Zygmunt Bauman - na qual até mesmo preocupações com a saúde tornam-se secundárias em meio às constantes mutações e estímulos da vida social. Nesse âmbito, insere-se o aumento do número de infectados por DSTs no Brasil, principalmente entre jovens e adolescentes, o que atesta a necessidade de medidas que visem a sua diminuição.               Inicialmente, a ampliação da ocorrência de DSTs na população jovem aponta para a ineficiência de setores da educação, em junção à saúde pública, em estimular a prevenção. É comum, no cenário escolar, a inexistência da atuação de programas com profissionais de saúde - como ginecologistas - e de educadores que abordem assuntos relacionados à sexualidade de maneira eficiente, já que, em geral, a totalidade da carga horária é voltada apenas para o ensino de conteúdos curriculares convencionais. Como consequência disso, jovens e adolescentes que possuem vida sexual ativa carecem de amparo para a obtenção de informações adequadas sobre a utilização de preservativos e outros métodos de segurança, o que contribui para a maior propagação de DSTs por falta de prevenção.                  Apesar disso, pouco tem sido feito para evitar o pressuposto, principalmente no âmbito político em vista da corrupção. Segundo a Controladoria-Geral da República, cerca de 67% dos casos de desvios de verbas federais ocorreram em áreas da educação e da saúde, entre os anos de 2003 e 2016. Assim, usurpa-se ilegalmente recursos primordialmente destinados a campanhas contra DSTs em escolas, postos de atendimento e hospitais, além de comprometer a distribuição gratuita de preservativos e medicamentos de combate a essas enfermidades. Isso dificulta sobremaneira a diminuição das taxas de infectados.                Portanto, medidas são necessárias para a resolução desse impasse. Entre elas está a criação, pelo Ministério da Saúde, de programas de prevenção nacionais que atuem em colégios e locais públicos, por meio de psicólogos e médicos, com o intuito de orientar jovens e adolescentes sobre essas doenças através de palestras e conversas particulares. Ademais, cabe ao poder judiciário maior fiscalização sobre a aplicação de verbas públicas em áreas da saúde - em especial no combate às DSTs - de modo a evitar a corrupção agravante do problema.