Enviada em: 01/10/2017

DSTs: problema biológico ou comportamental?       Desde os anos 80, após a primeira epidemia do vírus da AIDS pelo mundo, as DSTs passaram a ser tratadas com mais cuidado pela sociedade e pelo Estado brasileiro. Apesar da maior divulgação sobre prevenção e da evolução de medicamentos neste âmbito, o número de infectados cresce cada vez mais no país. Diante do aumento da proliferação de vírus e bactérias por DSTs, os dilemas da sexualidade do século XX e a ineficácia do Estado , quanto a conscientização dos indivíduos, são os principais responsáveis por tais estatísticas.        Primeiramente, vale ressaltar a relação de liberdade sexual e DSTs. Para a psicóloga da Unesp Ana Cláudia Bertolozzi, "os jovens estão iniciando a vida sexual mais cedo e a sexualidade tem sido discutida de forma mais aberta”. Apesar da evolução dos paradigmas da sociedade em relação ao sexo, os caminhos para guiar os jovens à uma liberdade mais segura parece estar longe.  A mídia, salvo exceções, contribui para a desinformação sobre sexo e a deturpação de valores. A superbanalização de assuntos relacionados à sexualidade e das relações afetivas gera dúvidas e atitudes precipitadas, contribuindo, muitas vezes, para o sexo sem segurança e desmedido.       Além disso, as campanhas de prevenção investidas pelo Governo não são suficientes para regredir o problema. Segundo o historiador Leandro Karnal,"informação não é formação". Apesar de todo esforço do Estado em divulgar, por meio de campanhas e redes sociais, a importância do uso de preservativos e do teste de HIV, a conscientização efetiva dos indivíduos deve ser feita de maneira sólida, a fim de que o entendimento real das doenças propagadas por relações sexuais seja bem estabelecido para as pessoas. Apenas a divulgação de informações, não é suficiente para a compreensão da gravidade das infecções, necessitando da intervenção estatal desde a matriz escolar.       Fica claro, portanto, que a questão da sexualidade conflituosa e insegura, unida à replicação de informações de prevenção para a sociedade não contribuem para a redução de DSTs no Brasil. Dessa forma, devido ao ingresso cada vez mais cedo à vida sexual dos jovens, o Ministério da Educação poderia inserir na grade curricular das escolas aulas de orientação sexual ministradas por psicólogas especializadas na área, ampliando o entendimento do indivíduos sobre o que é sexo e quais os riscos envolvidos quando não há prevenção, por meio de debates e exemplos reais de pessoas que sofrem por não terem se precavido. Assim, medidas como essa seriam um primeiro passo para uma sólida redução dos infectados por DSTs no Brasil.