Enviada em: 02/10/2017

Na década de 80, durante o pico da síndrome da imunodeficiência adquirida (AIDS ou SIDA), a escassez de conhecimento científico sobre o tema e o consequente medo alimentou preconceitos. Jornais publicavam: ‘A peste gay ataca'. Contudo, em tempos hodiernos, embora a ciência tenha disponibilizado à sociedade um robusto arcabouço de informações sobre as doenças sexualmente transmissíveis (DSTs), no Brasil, sexo é, ainda, um assunto tabu e, por conseguinte, remanescem pensamentos retrógrados que além de dificultarem a prevenção de novas infecções, também estigmatizam e discriminam aqueles indivíduos que já sofrem com alguma patologia desse tipo.                 Mormente, de acordo com o Ministério da Saúde, cerca de 60% dos jovens fez sexo sem preservativo no último ano. Nesse sentido, conforme o ideário realista machadiano, no qual a ausência de virtudes é inerente ao ser humano, tais práticas negligenciam os riscos que podem comprometer, consideravelmente, a saúde dos indivíduos envolvidos. Além disso, o conservadorismo do corpo social brasileiro faz com que, em muitos casos, o diálogo entre pais e filhos sobre sexo seja tardio, tendo os jovens seu primeiro contato com o tema a partir da internet e/ou conselho de terceiros de forma, geralmente, rasa e pouco segura. Por isso, o número de novas infecções por DSTs permanece elevado.       Outrossim, embora na visão nietzschiana o ser humano deva procurar a máxima afirmação de si mesmo, contra qualquer obstáculo, repressão ou coação, aos portadores de DSTs essa liberdade é cerceada. Nessa conjuntura, devido o preconceito, indivíduos infectados por essas patologias são marginalizados do convívio social e por essa violência são desencorajados de assumir e aderir aos tratamentos de forma precoce. Ademais, essa discriminação, muitas vezes, faz com que as pessoas mais cautelosas sejam pressionadas a não se protegerem durante o ato sexual por receio de serem levantadas suspeitas sobre as suas sorologias. Assim, a coerção de valores morais agrava o impasse.         De modo exposto, depreende-se o aumento do número de infectados por DSTs como uma mácula resultante das ojerizas do corpo social. Portanto, é mister, considerando a importância da formação intelectual, que o Ministério da Educação promova por meio das escolas em aulas temáticas e palestras para pais e filhos, a importância do diálogo sobre a educação sexual desde o início da adolescência, com o fito de maturar esses jovens para as eventuais futuras experiências e o adequado cuidado que essas exigem. Ainda mais, ONGs destinadas a essa causa, devem, junto a sociedade civil engajada e a mídia, organizar campanhas permanentes e passeatas em locais públicos com o objetivo de combalir preconceitos, além de encorajar os indivíduos a se protegerem durante a prática sexual e a realizarem exames e terapias regulares. Dessarte, legar-se-ia uma sociedade mais responsável e tolerante.