Enviada em: 30/07/2018

Sabe-se que a busca por estabelecer um símbolo de identidade nacional brasileira remonta ao movimento romântico do séc. XVIII, no qual era evidente o anseio por características que representassem o Brasil. Destarte, hodiernamente, o carnaval é um dos maiores símbolos populares de tal representatividade, contudo, ao passar do tempo, adquiriu aspectos elitistas, sofrendo processos de gentrificação em alguns setores.        Em primeira instância, convém destacar a ampla diversidade das manifestações carnavalescas, ao longo do território brasileiro, como consequência direta do seu caráter democrático. No entanto, desde a implementação no Brasil, observa-se a divisão das classes sociais no que tange às diferentes formas de expressão da atual tradição, dando origem à segregação e ao preconceito com as manifestações periféricas. Assim, é possível ratificar a ocorrência a partir da análise do carnaval do séc. XIX, onde a elite imperial reprimiu as práticas populares e estabeleceu eventos, como bailes, altamente restritos.        Sob esse viés, é indubitável que tal fenômeno arrastou-se pelos séculos, umas vez que as festas carnavalescas, em suas principais manifestações, possui o acesso cada vez mais restringido. Fatores como ingressos, fantasias, vagas e desfiles absurdamente caros são alguns exemplos que corroboram o quão gentrificado está o carnaval brasileiro. Desse modo, certamente essa conjuntura configura um sério problema social que acentua as desigualdades ao restringir ainda mais o acesso popular à cultura.       Diante dos fatos supracitados, é evidente a necessidade de intervenções governamentais nessa causa. Urge, portanto, que o Ministério da Cultura promova ações que visem à regulamentação do sistema de acesso às manifestações culturais do carnaval, garantindo a ampla participação das classes desfavorecidas. Ocorrer-se-à por meio da mobilização das agremiações responsáveis por administrar os eventos, para atuar na redução de tarifas e no engajamento social dos mais pobres nas atividades, sob o intuito de suprimir a segregação e garantir a difusão da cultura de forma homogênia, pois, somente dessa forma, o carnaval voltará a ser uma festa democrática enquanto herança cultural brasileira.