Enviada em: 19/07/2018

Desde a Idade Média, percebe-se o estímulo do casamento precoce, em que famílias reais prometiam suas filhas, ainda muito jovens, a Reis de outros condados como símbolo de diplomacia ou interesse político. Embora a sociedade tenha passado por transformações e resignificado os valores morais, prática semelhante é presente no século XXI. Questões socioculturais são os principais motivadores para o casamento infantil no Brasil, gerando consequências na vida das futuras mulheres.       Nesse contexto, a preservação de hábitos machistas e patriarcais dificultam a mudança no cenário do casamento de mulheres menores de idade. A permissão da Constituição brasileira de união de adolescentes com o consentimento dos pais abaixo de 16 anos, além do não estabelecimento de uma idade mínima em casos de gravidez exemplifica a prática arcaica, uma vez que favorecem a submissão das meninas aos homens. Isso ocorre porque muitas abandonam o ambiente escolar para se juntar ao seu parceiro e constituir uma família, tornando suscetível ao modelo tradicional, no qual a figura paterna sustenta economicamente o núcleo familiar e a mulher é responsável pelas ativades do lar. Dessa forma, favorece-se o conceito do Mito da Caverna proposto por Platão, pois os indivíduos negligenciam os impactos e encontram-se inertes perante essa realidade, assim como os habitantes acomodados com as projeções do mundo real no conto do filósofo.        Por conseguinte, a manutenção desse comportamento resulta em consequências severas àquelas que se propõe ao casamento ainda jovens. De acordo com a filosofia Kantiana, o indivíduo torna-se definitivamente independente no momento em que atinge a maioridade pensante, essa responsável por previnir a submissão do pensamento a outros. Ao afastar as mulheres, de forma precoce da educação básica, dificulta o desenvolvimento da autonomia em seus posicionamentos, pois não sofrem o devido estímulo fora do ambiente escolar. Assim, as jovens ficam mais propensas à dependência emocional do seu parceiro e ao abuso físico e psicológico, já que encontram, em alguns casos, dificuldades em perceber o ambiente hostil, devido à alienação favorecida pelo agressor, evidenciando a menoridade racional.        Nessa perspectiva, a ineércia da sociedade perante o casamento infatil impacta a vida de muitas adolescentes. Portanto, cabe ao Estado impedir a união de menores de idade, por meio da criação de uma lei que não conceda a permissão do casamento nesses casos, uma vez que é uma instiuição social responsável por proteger as crianças e jovens, com o intuito de previnir os casos de abusos. Ademais, as escolas devem estimular debates sobre as consequências do casamento infantil, por intermédio de palestras com especialistas, como assistentes sociais, a fim de reduzir tal prática.