De acordo com o historiador Phillipe Áries, as crianças eram vistas nos séculos XIV, XV e XVI como um adulto em miniatura, assim o tratamento social dispensado a ambos era igual. Porém, hodiernamente, sabe-se que crianças ainda estão em desenvolvimento, não devendo ser tratadas como adultos. Dessa forma, é evidente que o casamento infantil no século XXI se caracteriza como um problema para a classe afetada. Nesse contexto, dois fatores não devem ser negligenciados: o agravamento dos problemas sociais gerados pela problemática e como esse fenômeno afeta o gênero feminino. Em uma primeira análise, é evidente que o casamento infantil agrava problemas sociais, como o abandono escolar. Uma vez que, perante as responsabilidades de "adultos" essas crianças abandonam os estudos. Uma pesquisa disponibilizada no portal "Azmina", a qual afirma que o número de matrículas femininas no ensino secundário é maior em lugares que a idade legal para o casamento é mais de 18 anos. Dessa forma, vê-se que o casamento infantil é diretamente conectado a falta de escolaridade, e, consequentemente, a falta de emprego digno para esses indivíduos afetados. Ademais, é importante ressaltar que esse fenômeno afeta mais o sexo feminino, devido a sociedade patriarcalista a qual estamos inseridos. Por exemplo, na Índia, um país conhecido por sua cultura onde a figura masculina é o centro, o casamento infantil é algo considerado cultural, pois se trata de uma prática milenar no país. Por outro lado, essa prática vem sendo refutada pelos malefícios que traz as garotas, a longo prazo. Pesquisas afirmam que uma garota que se casa antes dos seus 18 anos, tem 20% mais chance de sofrer violência de gênero. Isso se deve, ao fato de que essas garotas não tem poder de escolha perante o parceiro, que na maioria das vezes é um homem mais velho, sendo facilmente influenciáveis. Portanto, medidas são necessárias para atenuar a problemática. É imprescindível que o governo em parceria com instituições de ensino, promovam palestras, workshops e projetos sociais, a fim de conscientizar jovens sobre o tema. Além disso, é também que os meios midiáticos promovam campanhas com o intuito de desconstruir a ideia de que o casamento infantil é algo cultural. Assim, apesar de não demonstrarem a solução final para o problema, essas medidas são importantes para suaviza-la, pois assim como disse o dramaturgo britânico, Oscar Wilde, "O primeiro passo é o mais importante na evolução de um homem ou nação.".