Enviada em: 06/08/2018

De acordo com o filósofo Platão, a qualidade de vida tem tamanha importância, de modo que ultrapassa a da própria existência. Dessa forma, é mais importante viver bem do que simplesmente viver. Entretanto, o casamento infantil, fruto da cultura machista, da violência e da pobreza nas famílias, ameaça o bem-estar dos jovens que contraem matrimônio precocemente, o que implica na necessidade de intervenção do Poder Público.     Segundo o Banco Mundial, o Brasil possui o maior número de casos de união civil entre o publico juvenil da América Latina e o quarto maior do mundo. Isso advém das agressões físicas e psicológicas que muitas meninas sofrem dos pais, e também da própria condição financeira difícil. Consequentemente, elas veem no casamento uma forma de fugirem dessa realidade e terem mais autonomia sobre suas vidas, o que, na maioria dos casos, não acontece, haja vista a predominância do pensamento sexista, que submete as mulheres às vontades dos homens, independentemente de estes serem progenitores ou cônjuges. Portanto, conclui-se que o machismo é um dos principais causadores da problemática em questão e, por isso, deve ser combatido.     Sob a ótica do ativista Mahatma Gandhi, aquilo que se faz no presente determina o futuro. Desse modo, ao atarem laços matrimoniais, ainda que informalmente, essas crianças perdem o pleno gozo da adolescência e são obrigadas a amadurecerem precocemente e a interromperem muitos dos seus sonho. Além disso, ocorre, entre as pessoas mais pobres e pouco instruídas, grande evasão escolar, gravidez juvenil e, posteriormente, devido à baixa qualificação, desemprego ou subemprego. Como resultado, gera-se um ciclo vicioso, uma vez que os filhos desses casais tendem a reproduzir o padrão adotado pelos pais, exceto se forem educados para outros objetivos.     Por fim, de acordo com a Lei da Inércia, de Newton, um corpo tende a permanecer no seu estado inicial, até que uma força atue sobre ele, mudando seu rumo. Nesse sentido, é imprescindível que as Secretarias de Educação de cada município promovam nas escolas públicas e privadas, debates sobre o casamento infantil, com a participação dos alunos e suas famílias e, especialmente, psicólogos e sociólogos, para que possam desmistificar a ideia patriarcal de submissão feminina, informar sobre as consequências da união civil para as crianças e incentivar a denúncia dos possíveis casos de violência. O objetivo é conscientizar os jovens a preservarem a adolescência e focarem nos estudos.