Enviada em: 09/10/2018

É comum ao ouvir o termo "casamento infantil" associá-lo à imagens de países muito pobres da África Subsaariana ou do Sul Asiático,por exemplo, nos quais meninas -ainda na infância- são forçadas por uma pressão cultural à casarem com homens mais velhos. Porém,a população brasileira se deparou com realidade semelhante dentro de nosso país quando jornais mostraram o Brasil como o 4º país do mundo em quantidade de casamentos infantis, sendo ainda o primeiro lugar na América Latina. Desse modo,esse grave problema social deve ser posto em debate,a fim de compreender suas causas e consequências.  A princípio,sabe-se que ao contrário de outros países em que essa prática é uma coerção feita por tradições,no Brasil,muito dos casos analisados mostram uniões consensuais. Dentre inúmeras causas dessa anuência está a condição de miséria vivida por grande parte dessas garotas em suas famílias,somada a abusos realizados dentro de casa, pelo próprio pai ou padrasto,por exemplo. Sendo assim, o matrimônio as oferece uma falsa sensação de liberdade frente às poucas perspectivas de vida que encontram e como uma solução à pobreza,já que seriam uma pessoa a menos em suas casas para dividir os poucos bens. Todavia, o que muitas não sabem é que estarão se submetendo à condições tão degradantes quanto as que viviam.  Para exemplificar esta conjuntura,é preciso citar que os maridos são em média nove anos mais velhos que suas esposas e que a mentalidade patriarcal machista é ainda mais opressora em áreas pobres,onde ocorrem a maioria dos casamentos infantis. Logo,as meninas encontradas nessa situação possuem maiores chances de sofrer violência doméstica e abuso matrimonial(violência sexual dentro do casamento). Além destes fatores,os índices de gravidez na adolescência crescem,também,como consequência dessa prática,agravando problemas como morte materno-infantil e a evasão escolar feminina,pois várias são forçadas a terem suas vidas restritas aos afazeres domésticos,ficando responsáveis pelos cuidados dos filhos e submissas às ordens do cônjuge.  Portanto,a discussão das causas e efeitos desse grave problema tem de ser levado não só à população brasileira para a conscientização através de noticiários, mas também ao poder legislativo para que enclaves constitucionais, que permitem o acontecimento desse costume,sejam eliminados e que as propostas como a lançada neste ano para que casamentos só sejam permitidos para indivíduos acima dos 18 anos sejam efetivadas como lei. Ainda,são necessárias punições(multas,prisões, etc) pelo governo aos que autorizam o casamento infantil,como já acontece no Chile e no Uruguai,a fim de que o Brasil tenha condições legais de lutar contra o crescimento desse lastimável índice e salvaguardar a vida de muitas meninas.