Enviada em: 23/02/2019

Segundo a Organização Não Governamental (ONG) Plan International, o Brasil é o 4º país no ranking de casamentos infantis. Nesse sentido, observa-se grande contradição no fato de uma nação livre e democrática permitir essa forma de submissão e privação a suas crianças. Dessa maneira, é preciso analisar que a raiz desse problema está na desigualdade de gênero e na cultura patriarcal.        Mormente, expõe-se que a desigualdade de gêneros é um fator agravante para essa problemática, haja vista que a falta de perspectiva e oportunidades na vida de muitas meninas induzem-nas a verem o casamento como única forma de ascensão social. Tal afirmação pode ser exemplificada no romance "Orgulho e Preconceito" de Jane Austen, que retrata a luta de uma mãe em casar filhas -adolescentes- com homens ricos na expectativa de garantir-lhes um futuro melhor. Logo, fica evidente que a discriminação sofrida pelas mulheres as submetem à privação de suas liberdades e desejos, o que precisa ser combatido.       Outrossim, é importante ressaltar que o patriarcado coloca meninas em situação de exploração e violência dentro de um matrimônio imposto por seus pais. Em face a isso, de acordo com a socióloga Sylvia Walby, a primeira estrutura patriarcal é o lar, no qual as mulheres são dominadas por pais e, posteriormente, maridos. Portanto, fica evidente que a cultura de submissão feminina está tão condensada na sociedade que muitas dessas garotas nem percebem o absurdo disso, sendo necessárias medidas que mudem essa mentalidade vazia e arcaica que reduz a mulher ao papel de mãe, esposa e dona de casa, especialmente quando se trata de crianças.       Destarte, está notória a relação entre desigualdade de gênero e cultura na manutenção do casamento infantil no Brasil, o que deve ser modificado. A princípio, é preciso que o Poder Legislativo aprove uma lei que proíba essa prática sob qualquer hipótese, por meio de uma votação no Congresso Nacional, para que essas meninas tenham oportunidades de aproveitarem a juventude e de crescerem profissionalmente, sem a submissão de um cônjuge, pois só assim, serão diminuídas as desigualdades de gênero e falta de perspectiva das mulheres, dando-lhes escolha e liberdade. Ademais, as ONG's de proteção à mulher e combate ao patriarcado devem fazer protestos em redes sociais e manifestações na rua, com o intuito de levar esclarecimento e conhecimento esse público oprimido em relação à sua situação, para que elas lutem contra isso em seus lares, já que é a melhor forma de diminuir a atuação do patriarcado na sociedade.