Enviada em: 08/05/2019

Tolerância e respeito        Eis um cenário que se tornou recorrente no Brasil: jovem, vítima de bullying, suicidou-se. O crescente número de suicídios motivados pela violência psicológica acende uma discussão acerca das causas e dos possíveis meios de combate ao bullying. No cerne do problema, inserem-se a má relação familiar e os efeitos prejudiciais das redes sociais, os quais se caracterizam como meios formadores de pessoas intolerantes.       A família, como instituição social primária, tem o papel de preparar a criança para o convívio em sociedade. No entanto, quando o núcleo familiar falha nesse processo, o indivíduo torna-se mais propenso a praticar atitudes violentas. De acordo com um estudo da Escola de Enfermagem de Ribeirão Preto, da USP, realizado em escolas públicas, jovens que não apresentam envolvimento com bullying têm uma característica em comum: possuem uma boa relação familiar. Ou seja, os pais exercem melhores interações familiares, desenvolvendo o diálogo e supervisionando o comportamento dos filhos.        E é, justamente, a ausência de comunicação e supervisão parental que agrava a prática do bullying, também, na internet. Pois, os pais, ao permitirem que os jovens utilizem os meios de comunicação sem acompanhamento, fazem com que estes fiquem mais propensos a se integrarem àquilo que é conhecido como "bolha social". Esse termo, segundo o filósofo Zygmunt Bauman, remete ao isolamento promovido pela mal uso das redes, que inibe o desenvolvimento de habilidades sociais e promove o pensamento intolerante. Desse modo, as redes sociais se tornam um palco de violência, onde, segundo o instituto Ipsos, responsável por pesquisas sociais, ocorrem 70% dos casos de ciberbullying.       Destarte, é necessário agir de modo a combater a formação de seres violentos que buscam ferir outras pessoas, levando-as, muitas vezes, a tomarem medidas extremas, como o suicídio. O SUS deve expandir a “Estratégia Saúde da Família”, que realiza um trabalho em duas frentes: nas escolas, buscando identificar traços de má relação familiar, e nas casas, onde estimula o fortalecimento dos laços familiares, possibilitando aos pais maior controle e diálogo com os filhos, de modo a garantir a formação de jovens sociáveis e tolerantes. Concomitantemente, o Ministério da Comunicação, inspirando-se na ONG Safernet, pioneira no combate à violência na internet, deve criar uma campanha nacional de combate ao ciberbullying,  desenvolvendo um canal de denúncias e promovendo palestras, debates e troca de experiências online, com o intuito de libertar pessoas das bolhas sociais e estimular vítimas a buscar ajuda, evitando possíveis tragédias.