Enviada em: 13/05/2019

Na série "Os 13 porquês", é apresentada uma personagem que vive num ambiente nutrido pela opressão implícita. Na trama, após sofrer sucessivas humilhações e perseguições, a menina decide por um fim à sua vida. Fora da ficção, no Brasil, o cenário é vigente e corroba a contrução de uma sociedade violenta, o que impede a resolução de problemas enraizados, como o bullying. Nesse contexto, a violência simbólica e a perpetuação da sociedade do espetáculo configuram-se causas dos casos de bullying, assim como na ficção.    A priori, de fato, a violência simbólica contribui para a naturalização da perseguição sistemática. De acordo com o sociólogo Pierre Bourdeau, existe uma forma de violência exercida sem coação física, assim, apresenta-se velada e difícil de ser identificada, visto que induz o indivíduo a se posicionar  passivamente conforme critérios e padrões do discurso dominante. Tal situação, na maioria das vezes, ocorre nas escolas, onde permanece uma figura opressora, resultado do espetáculo social, que, indiretamente, impõe valorores aos vulneráveis, fazendo com que eles sejam excluídos do ciclo social escolar. Desse modo, as vítimas dessa sucessiva agressão simbólica se isolam e tendem a desenvolver traumas psicológicos, que, certas vezes, resulta na autoflagelação e no suicídio, como na série.    Em segundo plano, a sociedade do espetáculo também impede o combate ao bullying. Acerca dessa premissa, pode-se traçar um paralelo com o pensador Guy Debord, que expõe a passividade do homem diante da aceitação de valores preestabelecidos, tantas vezes atrelados a uma falsa moral. Nesse sentido, os indivíduos, que convivem no espetáculo social, toleram e valorizam a imagem do valentão, ao passo que demarcar e impor domínio aos outros, gera respeito. Tal fato explicita a omissão tupiniquim no momento de lidar com o bullying e, assim, permite a reprodução da violência, pois sustenta seu discurso no conceito de Darwinismo Social, no qual aquele que está mais preparado, mantêm-se no poder. Consequentemente, os padecentes repetem a violência sofrida, já que, somente assim, terão respeito na sociedade do espetáculo.    Portanto, é mister que o país tome providências para superar o quadro do bullying hodiernamente. Para diminuir os imbróglios, urge que o Ministério da Educação e Cultura capacite os professores para identificar, lidar e coibir o bullying nos centros de ensino, por meio do treinamento ministrado nas universidades em que foram formados, a fim de proteger as vítimas. Atrelado a isso, os profissionais capacitados devem debater o modo certo de agir socialmente, com o intuito de impedir a propagação da sociedade do espetáculo. Destarte, só assim, a realidade da série " Os 13 porquês" será superada.