Enviada em: 25/05/2019

O regime absolutista da Europa pré-revolucionária, do século XV ao XVIII, marcou a Idade Moderna por ter sido um dos maiores sistemas de abuso do poder na História. Assim como no Absolutismo, muitas práticas abusivas para demonstrar status no ambiente ocorrem em diversos espectros e escalas na sociedade, como por exemplo o bullying. Apesar de não haver a magnitude do Antigo Regime europeu, essa prática de assédio escolar, presente nos colégios do Brasil, pode causar danos irreparáveis nas vítimas e deve ser combatida.   A princípio, as causas do bullying compõem um ciclo de agressão baseado, de maneira geral, no preconceito, nas diferenças e na violência. Dessa forma, discursos de ódio nas escolas pautados em intolerância religiosa, racismo, homofobia, gordofobia, misoginia e outros são práticas de assédio escolar baseadas na diversidade, algo alarmante, uma vez que o Brasil é um dos países mais culturalmente e etnicamente diversos do mundo. Com isso, entender os alicerces do assédio escolar é essencial para a prevenção dessa prática. Sabendo-se que essa aversão às diferenças atua como gatilho para o bullying, é possível compará-la ao trecho da música "Sampa", de Caetano Veloso, "Narciso acha feio o que não é espelho", referindo-se à desvalorização daquilo considerado "estranho".   Além disso, surgiram outras formas de assédio escolar, que superam a necessidade de depreciamento pessoal, o cyberbullying. Essas multifacetas do bullying contribuem para o maior desconforto da vítima e concretizam essa nova onda de "apedrejadores virtuais", que se aproveitam da anonimidade proporcionada pela internet. A psicóloga finlandesa Christina Salmivalli afirma que os violentadores das redes sociais potencializam o assédio, agora também virtual, uma vez que ultrapassam as paredes da escola e agridem os alunos fora do campo de visão dos adultos. Essa nova fonte para a disseminação dos discursos de ódio vem ganhando força no Brasil e concretiza a posição do país como o quarto com maior prática de bullying no mundo, de acordo com a Unicef.   Portanto, é necessária a ação direta das instituições escolares na prevenção e intervenção do bullying, por meio de periódicas reuniões com alunos, professores e psicólogos para discutir o relacionamento das classes no dia-a-dia -- como por exemplo classificar o nível de humor dos estudantes, suas opiniões sobre o comportamento dos colegas e escutar reclamações -- e realizar oficinas de orientação sobre como agir na internet e as consequências do cyberbullying, para minimizar a disseminação de discursos de ódio, a fim de tornar o ambiente escolar e virtual livre de agressões e assédio. Dessa forma será possível tirar do Brasil o título de quarto país com maior prática de bullying e transformá-lo em exemplo de boa qualidade de educação.