Enviada em: 09/08/2019

De acordo com o humanista Nelson Mandela, a educação é a maior arma que se pode usar para mudar o mundo. Nesse sentido, é indubitável a importância educacional no desenvolvimento da sociedade, contudo, os constantes quadros de bullying no Brasil, haja vista a conservação de ideais preconceituosos, bem como a desestruturação das escolas, contribuem para uma das contradições mais desfavoráveis no papel do ensino na ampliação ética e moral de seus participantes.        É importante considerar, de início, a permanência de preconceitos culturais como engrenagem para atitudes de bullying no panorama educacional. A esse respeito, de acordo com o filósofo Foucault, “normal”, seria tudo aquilo que está dentro das normas sociais, já “anormal", aquilo que é marginalizado, sendo assim, tudo que foge dos padrões é perseguido. Sob esse prisma, as escolas, reflexo verossímil de seu entorno social, acabam, por vezes, sendo cenário de diferentes ações negativas, tendo em vista que, muitos indivíduos “anormais”, são constantemente alvos de intimidação e humilhação por não seguirem comportamentos e ideologias normatizadas, como o modo "ideal" de se vestir, por exemplo. Assim, percebe-se o quanto a agressividade ao diferente e a intolerância latente vem transformando crianças e adolescentes em alvos e vítimas em potencial.     Outrossim, deve-se observar, também, o despreparo das instituições de ensino como fator dos agravos desse contexto. Nesse sentido, em consonância com a sociologia durkheimiana, o ser humano, mais que formador da sociedade, é um produto dela. Partindo desse pressuposto, a falta de medidas na contemplação de um pensamento de respeito à diversidade nos espaços de aprendizagem, tendo em vista apenas mecanismos punitivos às práticas de bullying, em detrimento de uma compreensão dialógica coletiva, reflete na inviabilidade de um ambiente em concordância com a ampliação de uma cosmovisão ética e moral dos indivíduos. Com efeito, é necessário a recuperação de um ambiente escolar mais integrado na minimização de contradições que ferem com seu papel transformador.     É imperioso, portanto, mecanismos energéticos na reconfiguração desse cenário. Assim, cabe ao Ministério da Educação proporcionar a materialização de um ambiente escolar estruturado na maximização de ações proativas no embate ao bullying. Isso pode ser concretizado por meio de novas diretrizes curriculares que contemplam uma maior sociabilidade entre os alunos, como atividades educativas em que os indivíduos possam compartilhar historias de vida e sentimentos, a fim de que, desde a socialização primaria, esses possam aprender a viver em coletivo e com a diversidade. Assim, poder-se-á ,gradativamente, recuperar uma "cultura de paz" e cumprir com a máxima de Nelson Mandela que constitui a educação como segredo para transformar o mundo.