Enviada em: 31/07/2019

Como bem citou o filósofo Jean-Paul Sartre, a violência é sempre uma derrota, não importa a forma em que se manifeste. Nessa perspectiva, o bullying, definido como agressões e intimidações sistemáticas e repetitivas, constitui um sério problema no Brasil. Seja em razão da omissão das escolas, principalmente, seja em virtude da desestruturação de alicerces familiares.       É indubitável que negligências das instituições de ensino são um dos principais fatores responsáveis pela recorrente prática de bullying no Brasil. Isso porque os docentes colocam-se muitas vezes no papel de observadores, por não haver, nas escolas, uma política em relação a tais situações. Dessa forma, por vezes, as manifestações do fenômeno não são identificadas, uma vez que, de forma equivocada, professores e gestores o associam a brincadeiras. Entretanto, para a vítima, os assédios, apelidos, ameaças e ofensas podem culminar em isolamento, baixa autoestima, suicídio ou mesmo massacres e homicídios, como se verifica em recentes casos noticiados na mídia.            Outrossim, a problemática deve-se, também, a fatores extracurriculares. De fato, o ingresso da mulher no mercado de trabalho, formal ou informal, mas afastando-se da educação dos filhos, aliado às desestruturações familiares - lares em que ocorrem maus tratos, falta de diálogo e abuso de poder - resultam no descaso com o desenvolvimento sócio-moral de crianças e adolescentes. Assim, evidencia-se questões que extrapolam a escola, mas que acabam por se manifestar dentro dela.           Torna-se evidente, portanto, que a omissão de professores e gestores, e questões de origem familiar, são fatores que tornam o bullying um problema recorrente no país. Em razão disso, é importante que as escolas criem equipes pedagógicas a fim de capacitar docentes para distinguir comportamentos típicos da pré-adolescência daqueles de viés intimidador e agressivo. Ademais, é imperativo a presença de assistentes sociais e psicólogos que possam acompanhar as vítimas e os agressores, além de promover um diálogo com a família sobre a importância da sua função educativa nas relações interpessoais dos filhos. Assim, poder-se-á evitar que a violência do bullying - física, verbal ou não-verbal - deixe de ser uma derrota para o país.