Enviada em: 17/06/2018

A carta de Pero Vaz de Caminha, ao retratar a chegada dos portugueses ao Brasil, descreve as belezas da diversidade ambiental do lugar. Entretanto, os novos habitantes estavam mais interessados na exploração do território, que na preservação dos recursos naturais. Em função disso, a natureza vem chorando sobre o corpo do país. Diante das lágrimas, elementos culturais e leis brandas contribuíram para a sociedade observar melhor e dar mais importância ao tráfico de animais nos últimos anos.     De acordo com a historiadora Lorelai Kury, os indígenas tratavam os animais como se fossem parte da família. Prova disso é o grupo indígena Caritianas, que até hoje, animais selvagens, sobretudo filhotes, são retirados das matas para serem tratados como integrantes da aldeia. Por conseguinte, a população brasileira passou a ter o forte hábito de criar animais silvestres como de estimação. Todavia, inúmeros indivíduos não percebem que o comércio ilegal dos animais, além de um desrespeito a lei, se configura em crueldade e devastação da natureza. Dessa forma, muitos animais, no processo de comercialização, são mortos ou sofrem maus tratos.       Além disto, a frágil legislação brasileira gera impunidade e perpetua um desprezo pelo bem estar dos animais. Isso porque, mesmo após o comércio predatório e indiscriminado da fauna silvestre ter se tornado ilegal em 1967, essa lei não cumpre o seu papel. Além das fiscalizações serem escassas ou ineficientes, não há prisões, apenas pagamento de multas para os traficantes de animais. Segundo Mariângela Freitas de Almeida e Souza, médica-veterinária, a legislação brasileira está atrasada, pois ainda identifica os animais como ''coisas'' ou ''bens''. Destarte, percebe-se que isso colabora para que sejam vistos como mercadorias e tratados de maneira desrespeitosa, visando apenas fins lucrativos.    Deste modo, é incontendível que a persistência dos atos é fruto da falta de conhecimento e de uma legislação pouco eficaz. Nesse viés, faz-se necessário que o Ministério do Meio Ambiente, em parceria com ONGs ambientais, promova a Campanha Nacional de Proteção à Fauna Silvestre na TV, no rádio, na internet e em redes sociais durante o ano todo, com o propósito de divulgar que para cada dez animais retirados da natureza só um sobrevive, a fim de estimulara consciência individual dos cidadãos para fazer escolhas que não ameacem as espécies. Além disso, é imprescindível haver atuação mais presente do IBAMA em conjunto com a Polícia Federal, de modo a inibir a prática ilegal, bem como proceder com a fiscalização mais rígida nas fronteiras para diminuir a demanda da oferta e procura. Só assim grande parte das lágrimas derramadas serão enxugadas.