Enviada em: 11/10/2018

O fascínio por animais exóticos não é algo intrínseco da sociedade contemporânea: na Idade Moderna, reis e nobres europeus adoravam esbanjar zoológicos particulares com animais trazidos de países da África e Ásia. Entretanto, atualmente, com a facilidade vinda com os avanços em tecnologia de transporte e comunicação, o tráfico de animais silvestres passou a movimentar bilhões de dólares todos os anos no mundo do crime. Nesse sentido, mostra-se uma grave problemática cultural e ambiental que suscita ações interventivas.   Segundo dados do Instituto Brasileiro do Meio Ambiente e dos Recursos Naturais Renováveis (IBAMA), a espécie Ararinha Azul, retratada no famoso filme de animação "Rio", entrou em extinção. Tal fato é um triste reflexo do intenso mercado de animais silvestres no país, o qual baseia-se no costume populacional de retirar animais de seus habitas naturais para serem domesticados em condições impróprias e de isolamento, apenas para o prazer da contemplação, tendo como resultado, por conseguinte, milhões de mortes de animais, não raras vezes, ainda no processo de transporte. E, com isso, o preço pago são os sucessivos desequilíbrios ecológicos nos ecossistemas originários e a constante destruição da vasta biodiversidade brasileira, que é tão aclamada pelo  mundo.       Contudo, não estamos nem perto da resolução do problema. No Brasil, os recursos direcionadas a investigação, busca e apreensão são escassos, além de só ocorrerem quando há denuncia, prejudicando, então, o combate a essa prática. Além disso, apesar de o tráfico de animais configurar-se crime de acordo com o Código Penal, tal infração ainda não é tratada com seriedade, uma vez que as punições são brandas e, em casos extremos, quando há cobrança de pagamento de indenizações, dificilmente os infratores as quitam, como, por exemplo, prova-se com o maior traficante de aves do país, o qual possui uma dívida de milhões de reais com o Estado e continua atuando ilegalmente.          Em face do exposto e de forma análoga ao pensamento de Augusto Comte, o qual devemos " ver para prever e prever para prover ", ao evidenciar a voracidade desse crime na biodiversidade brasileira, faz-se imprescindível a tomada de providências. Para isso, o Ministério do Meio Ambiente deve intensificar as verbas para a ação do IBAMA e da Polícia Militar na fiscalização e enfrentamento do tráfico de animais, assim como criar um portal de denuncias acessível aos cidadãos. Ademais, torna-se essencial que o poder Legislativo reforce as punições dadas aos infratores para que não haja impunidade. E por fim, é mister que a mídia em parceria com ONG's de proteção animal vinculem campanhas publicitárias com fito de conscientizar a população sobre os efeitos da compra de animais silvestres e incentivá-la  a denunciar.