Enviada em: 03/05/2017

O animal selvagem e cruel não é aquele que está atrás das grades, é o que está na frente delas. Por meio dessas palavras, o escritor sueco Axel Munthe conseguiu retratar a situação do desrespeito dos seres humanos com relação aos animais silvestres de modo claro. A ganância e o egoísmo dos brasileiros levam à prática do comércio ilegal dos animais que acontece, principalmente, porque o Brasil possui uma fauna rica e diversificada e porque, além de render bons lucros, há uma certa dificuldade das polícias ambientais em capturar contrabandistas e monitorar espécies, ameaçadas ou não de extinção,  em um território tão vasto quanto o Brasil.    Como é exemplificado na animação Rio, em que contraventores de espécies raras de aves capturam um casal de Arara Azul para vender no mercado exterior, várias espécies de animas endêmicos, raros e em extinção são comercializados ilegalmente diariamente no Brasil por terem altos valores para os estrangeiros. Esses seres vivos, devido à desumanidade do ser humano, são retirados de seu habitat natural, transportados em condições precárias e vendidos no mercado negro, ou até mesmo mortos para a distribuição de órgãos e pele para a fabricação de roupas e móveis, por exemplo. Além disso, esses atos provocam não só uma série de desequilíbrios no meio ambiente, mas também a possibilidade de transmissão de doenças para as pessoas e para outros animais, por causa das péssimas condições de transporte a que eles são submetidos.    Dentre os fatores que dificultam o combate do comércio ilegal de animais silvestres, é possível citar a falta de recursos, de efetivo e de programas significativos para mitigar o problema. Uma vez que as quadrilhas contrabandistas são altamente articuladas e operam em diversos estados do Brasil e também em outros países, sem o investimento do governo para o investimento em tecnologia e em programas que integrem a polícia ambiental, militar, rodoviária e federal, se torna cada vez mais difícil resolver a situação, que não se restringe apenas às florestas e se estende ao âmbito doméstico.    É evidente, portanto, a necessidade de medidas que mitiguem o impasse. Cabe ao Governo Federal, fornecer capital e serviços de tecnologias inteligentes para as polícias brasileiras, a fim de que essas promovam, progressivamente, grandes operações, não só em algumas regiões, mas em todo o país e com o auxílio da Infraero, por exemplo, para prender os bandidos e evitar a exportação desses animais silvestres. Ademais, cabe ao Ibama, por sua vez, realizar grandes campanhas em meios midiáticos com o objetivo de ressaltar a importância de se manter a biodiversidade, as consequências desse comércio ilegal para a natureza e como isso também interfere na saúde pública, devido à transmissão de doenças para os cidadãos, como a febre amarela.