Enviada em: 09/06/2017

Em 517 anos de Brasil, o comportamento alimentar da sociedade nacional foi influenciado não apenas pela cultura portuguesa colonizadora, como, também, por potências capitalistas emergentes após a Segunda Revolução Industrial. No contexto contemporâneo, a globalização acarreta mudanças constantes na alimentação dos brasileiros em razão da necessidade de adaptação ao sistema socioeconômico vigente, este que interfere diretamente em questões fisiopatológicas.       Em primeira análise, o modo de vida capitalista contribui para o comportamento alimentar inadequado da população, uma vez que as extensas cargas horárias escolares e trabalhistas são compatíveis com as demandas criadas pela indústria alimentícia. Esta visa a lucratividade com a produção em massa de alimentos que, apesar de pobres nutricionalmente, possibilitam a perpetuação dos preceitos de exploração do sistema vigente. Isto posto, cerca de metade dos cidadãos apresenta excesso de peso, de acordo com o Ministério da Saúde, em razão da escassez de tempo imposta pela globalização.        Outro aspecto consequente da rotina contemporânea é o aumento na ocorrência de doenças psicossociais, considerando que a ingestão excessiva de alimentos ricos em açúcares e gorduras compromete o sistema cardiovascular dos cidadãos e pode desenvolver doenças como depressão e diabetes. A combinação entre lipídeos e sacarose estimula a liberação de dopamina, endorfina e serotonina, substâncias responsáveis pela sensação momentânea de felicidade. Com isso, a ideia de compensação emocional, intrínseca ao comportamento alimentar brasileiro, é um risco para o futuro da nação.            Por conseguinte, urge que o Ministério da Saúde invista em reformas nas indústrias alimentícias, de modo que estas fabriquem alimentos que supram as necessidades nutricionais do corpo humano. A Agência Nacional de Vigilância Sanitária deve fiscalizar as políticas e os projetos criados, com o Poder Judiciário, penalizando legalmente qualquer desvio de verba e viabilizando, então, o direito à soberania alimentar garantido na Constituição Federal. Ademais, as instituições de ensino e de saúde, em parceria com diferentes veículos midiáticos, devem estimular a mudança dos hábitos contemporâneos, por meio de campanhas e palestras que desconstruam a ideia capitalista de escassez de tempo como justificativa para a ingestão excessiva de alimentos pobres nutricionalmente, possibilitando o desenvolvimento saudável da sociedade brasileira.