Enviada em: 18/05/2017

Modernidade líquida      Desde o fim da Guerra Fria, em 1991, o capitalismo tem se consolidado como sistema hegemônico mundial. Com sua ascensão, construíram-se novas relações sociais que refletem nos conceitos de família da contemporaneidade. No entanto, como a intolerância permanece intrinsecamente ligada à realidade do país, boa parte dos integrantes dessa nova configuração encontra dificuldades para inserir-se no meio social.      Em primeiro plano, é indubitável que a questão constitucional e sua aplicação estão entre as causas do problema. Em 2015, ocorreu uma comissão especial na Câmara dos Deputados, em que foi aprovado o projeto do Estatuto da Família formado a partir da união de homem e mulher. Logo, reforça-se a exclusão das novas estruturas familiares que surgiram e crescem no Brasil, evidenciando a inoperância do direito constitucional de isonomia de todos perante à lei.       Outrossim, Zygmunt Bauman defende, em sua obra "Modernidade líquida", que o individualismo é uma das principais características - e o maior conflito - da pós-modernidade, e, consequentemente, parcela da população tende a ser incapaz de tolerar diferenças. Ao seguir essa linha da raciocínio, observa-se que o conservadorismo pode ser encaixado na teoria do sociólogo, haja vista que os defensores da família tradicional, em sua maioria, não reconhecem como legítimas outras configurações, podendo ocasionar a marginalização social dos formadores desses modelos de família.         Torna-se perceptível, por conseguinte, que, apesar das mudanças no conceito de família no século XXI serem amplamente propagadas, ainda há uma intempérie a se transpor: o preconceito. Portanto, é dever do Governo Federal o investimento tanto na modificação da definição constitucional de família, para que haja uma maior representatividade, quanto na criação e divulgação nas escolas de cartilhas que denotem os direitos que o Artigo 5° prevê aos cidadãos, com o objetivo de ratificar que, com base no princípio isonômico, todos podem construir o núcleo familiar que desejam. Ademais, é fundamental que a mídia crie campanhas e novelas com essa temática, a fim de finalizar o tabu que é a discussão sobre a diversidade presente no país e promover uma conscientização em massa. Dessa forma, os efeitos dessa modernidade líquida poderão ser gradativamente minimizados.