Enviada em: 31/05/2017

A família brasileira não é mais a mesma. O modelo de casal com filhos deixou de ser dominante no país. Pela primeira vez, o censo demográfico apontou essa virada, mostrando que os outros arranjos familiares já ganharam a maioria. Contudo, medidas conservadoras, como o projeto de lei denominado Estatuto da Família, em tramitação no Congresso Nacional, que visa basicamente legitimar como instituição familiar apenas a união entre um homem e uma mulher, deixa claro o quanto a sociedade precisa avançar para romper as barreiras do preconceito e aceitar a pluralidade e as diferenças nas novas configurações familiares.   Nesse sentido, o Estatuto da Família representa um retrocesso e a constatação de como o conservadorismo herdado de uma cultura machista e patriarcal está latente na sociedade brasileira. Uma enquete realizada pelo Portal da Câmara dos Deputados apurou que 53% das pessoas aceitam, mas não acham normal o casamento e a adoção de filhos nas relações homoafetivas, evidenciando o preconceito no contexto dos novos modelos familiares, mais especificamente contra configurações homossexuais.  Esse preconceito contra casais gays, sem dúvida, impõe à sociedade uma profunda reflexão sobre seus valores religiosos e morais. Dentre tantos episódios de violência contra essa parcela da população, o caso do adolescente Peterson de Oliveira, de 14 anos, espancado por colegas de escola devido ao fato de ser filho de pais gays foi emblemático. No dia 10 de Março de 2015, Peterson foi cruelmente agredido, hospitalizado e veio à óbito devido a gravidade dos ferimentos. Segundo a família, o mesmo era alvo constante de bullying dentro e fora da escola, o que evidencia a grande dificuldade social de se lidar com o diferente, com o que não é considerado padrão.  Diante do exposto, fica claro a importância de se avançar no debate sobre essa nova dinâmica familiar nos mais variados ambientes sociais, com o objetivo de superar o preconceito. À escola, como Instituição socializadora, deve-se a responsabilidade de naturalizar essas mudanças, promovendo o respeito e a integração através de projetos pedagógicos que trabalhem essa temática com as crianças e os jovens. O Governo, o Congresso e o Judiciário, apesar de já terem avançado muito em relação aos direitos civis nas uniões homoafetivas, precisam criar medidas de combate à intolerância e à violência advindas do preconceito, com a criação de uma Legislação própria para esse tema. Finalmente, as novelas das TVs abertas podem dar sua contribuição, volta e meia, tratando desse tema de forma a conscientizar e educar a população.