Enviada em: 01/08/2017

O livro Éramos seis, de Maria Dupré, narra a história de uma família tradicional formada por mãe, pai e filhos e a dura realidade de uma mentalidade patriarcal do século XX. Embora estejamos em outro tempo e com mudanças importantes no cenário familiar, ainda há resquícios desse comportamento, tanto pelos mais velhos quanto pelos mais jovens.Essa situação cria uma dificuldade social para conviver com as diferentes estruturas familiares.  Não obstante as novas gerações surjam com seus pensamentos mais críticos, o conservadorismo ainda está cristalizado no inconsciente coletivo. Isso pode ser observado, por exemplo, no preconceito que se tem contra às mães e pais solteiros e contra os casais LGBTs que optam por adotar seus filhos. A preocupação velada na ideia de que a criança precisa de referenciais, homem e mulher, revela o medo de que, esses filhos, criados por casais gays, continuem replicando esse “modelo” na sociedade. Dessa forma, percebe-se que o egoísmo se sobrepõe à ideia de família, sendo totalmente descartada a possibilidade de se amar, educar e criar pessoas, apenas por não estarem em uma conformação anteriormente estabelecida, situação que causa estranheza já que somente 48% da sociedade atual segue os padrões ditos convencionais no Brasil.   Além disso, o constante aumento no número de divorciados pode ser indício de que o panorama familiar tradicional já não é tão eficaz quanto parecia. Esse processo se agrava quando o casal tem filhos que, muitas vezes, são os que mais sofrem nesses embates judiciais. Dessa forma, julgar as inquietações psicológicas que uma criança criada por um casal homoafetivo poderá sofrer, perde totalmente o sentido já que crianças de casais héteros também podem passar por aflições semelhantes. Para Schopenhauer, todo homem toma seu próprio campo de visão como os limites do mundo. Dessa forma, tanto os mais velhos quanto os mais novos, terão atitudes parecidas já que seu referencial é sempre anterior à sua experiência de vida, criando dessa forma um ciclo vicioso que só pode ser quebrado por meio da empatia.  Portanto, fica explícita a necessidade de avanço nas discussões sobre representatividade familiar, pois os modelos mais contemporâneos são, na verdade, invisibilizados. A escola, depois da família é o referencial mais importante na formação do indivíduo.Por isso,o MEC deve promover palestras realizadas no ambiente escolar, com a presença dos pais, dos alunos e da  comunidade vizinha. Essa reunião pode ser divulgada por meio de redes sociais. A mídia também pode promover esses debates nos programas populares. Enquanto as novas configurações continuarem a ser rechaçadas, nunca serão representadas nem respeitadas como devem ser.