Enviada em: 04/08/2017

No ano de 2015, a Suprema Corte norte-americana legalizou o casamento civil de pessoas do mesmo sexo. Essa decisão histórica levantou diversos debates sobre o conceito de família no século XXI, evidenciando a persistência de uma visão preconceituosa acerca desses novos núcleos familiares. Fatores de ordem educacional, bem como cultural, expressam a urgência de mudanças nesse cenário.    É importante pontuar, de início, a negligência acadêmica quanto à diversidade de composições familiares. À guisa do pensamento kantiano, o ser humano é aquilo que a educação faz dele. Assim, a escola deveria promover a tolerância e o respeito mútuo aos novos núcleos familiares. As instituições brasileiras, entretanto, ao estabelecerem o "Dia dos Pais" e o "Dia das Mães", padronizam as formas de família, impossibilitando a existência de debates e projetos voltados para a aceitação social dessas diferentes relações familiares.    Outrossim, tem-se o modelo tradicional de família enraizado na cultura brasileira. Dado que os grupos que fogem do conceito preestabelecido de um lar são, relativamente, recentes, muitos indivíduos enxergam esses laços afetivos como algo não natural. Tal fato pode ser ratificado pela criação do Estatuto da Família, que define uma entidade familiar apenas pela união de um homem e uma mulher, anulando as diversas outras formas de família existentes no país e fomentando um comportamento intolerante frente a elas.    É notória, portanto, a influência de fatores educacionais e culturais na problemática supracitada. Nesse viés, cabe às escolas orientar a população quanto ao respeito à diversidade de famílias. Essa medida deve contar com palestras e debates nas salas de aula sobre o tema, além da substituição do dia dos pais e das mães pelo “Dia da Família” a fim de abranger todos os núcleos familiares nessa celebração. Paralelamente, o Governo, por intermédio dos órgãos responsáveis, deve assegurar os direitos civis dos novos núcleos familiares e impedir a constitucionalização de projetos como o Estatuto da Família para que a intolerância frente a esses grupos seja minimizada. Por fim, é dever da mídia, enquanto difusora de novos comportamentos, propagar ideais de tolerância e aceitação desses laços familiares. Tal medida deve contar com propagandas socioeducativas e telenovelas que retratem o assunto com o intuito de desconstruir estereótipos e garantir a harmonia da sociedade brasileira.