Enviada em: 22/10/2017

Dignidade na terra de Gonçalves.    A pluralidade familiar no Brasil enfrenta uma tempestade. Ela navega nessas águas por questões históricas e culturais. E agora, José? Agora, cabe ratificar Nelson Mandela, líder sul-africano antiapartheid, ou seja, inspirar a esperança onde há desespero.      Primeiro, um homem, uma mulher e filhos é o padrão da família brasileira. Certamente, isso é uma herança do período colonial, representada pelo sistema patriarcal, isto é, pelo senhor de engenho e sua família. Portanto, nesse contexto de padronização, a diversidade da entidade familiar sofre engessamento, tendo em vista que aquilo que for diferente é rejeitado, fato verificado pela definição restrita de núcleo familiar do estatuto da família.         Segundo, a influência da igreja cristã, presente desde os primórdios do Brasil como descreve Caminha na sua carta, por meio do dogma do casamento, contribui para a formação de uma cultura resistente à diversidade de núcleos sociais. Desse modo, a união entre homem e mulher é vista como algo sagrado que não pode ser compartilhado por outros tipos de vínculos. Assim, os protestos em 2013 contra o casamento civil de homossexuais revelam essa realidade que ameaça a pluralidade familiar e menospreza os vínculos de afeto.      Logo, conduzir a nau é a esperança para que não haja naufrágio. Para tal, um prêmio nacional de inovação em ações que promovam a pluralidade familiar pode ser organizado anualmente pela sociedade civil, através das redes sociais e de parcerias com artistas, a fim de ampliar a tolerância e o respeito pelas novas configurações de família na terra das palmeiras. Ademais, a UNESCO pode certificar os municípios que capacitem atores municipais, aprimorem a gestão e mobilizem a comunidade para práticas de universalização dos direitos humanos, visando garantir transformações sociais alinhadas aos valores de justiça, liberdade e dignidade humana.