Enviada em: 31/10/2017

No ocidente, em virtude da predominância do catolicismo e suas vertentes, durante séculos o conceito de família foi atribuído apenas para se referir à união entre um homem, uma mulher e a prole concebida pelo casal. Na contemporaneidade, por sua vez, esse termo tornou-se mais abrangente, incluindo, por exemplo, uniões homoafetivas e praticantes do poliamor. Contudo, a sociedade brasileira do século XXI ainda encontra dificuldades para lidar com essa realidade. Dessa forma, afim de assegurar os direitos e a integridade desses novos conceitos de família, é de suma importância tratar principalmente das carências educacionais.     As novas composições familiares têm sofrido profundamente com a discriminação no Brasil. Vítimas de uma sociedade cujos princípios do fundamentalismo religioso e a conservadorismo exacerbado ainda se fazem presentes, essas famílias que fogem do tradicional muitas das vezes têm seus direitos restringidos. Prova disso são as barreiras impostas para a adoção e para o reconhecimento de uniões não convencionais perante a lei. Além disso, em 2013 foi aprovado pela Câmara dos Deputados o Estatuto da Família, projeto de lei que só reconheceria como família a união tradicional entre heterossexuais. Desse modo, torna-se evidente a intolerância enraizada tanto na sociedade quanto em seus representantes.     Indubitavelmente, as deficiências educacionais são precursoras indiretas da visão hostil sobre essas famílias não tradicionais. Para o filósofo iluminista Voltaire, a intolerância nasce por meio da irracionalidade. Partindo dessa premissa, a ignorância – mau uso da razão – disseminada por um ensino que não imbui o senso crítico e analítico, corrobora com a formação de indivíduos preconceituosos e fundamentalistas. Nessa conjuntura, visando facilitar a vida e promover o respeito a esses núcleos familiares que fogem do padrão, é imprescindível que essas deficiências sejam sanadas.    Destarte, conclui-se que para assegurar os direitos plenos e estimular a aceitação dos novos conceitos de família, faz-se preciso uma tríade entre o Poder Legislativo, o Ministério da Educação e a Mídia. Ao primeiro, cabe assegurar a isonomia de direitos entre uniões heterossexuais, homoafetivas e poliafetivas. Ao segundo, cabe uma reformulação da grade curricular do ensino, dando ênfase a questões sociais afim de promover a tolerância por meio da estimulação do senso crítica. Por fim, a Mídia, fazendo-se uso da TV e das redes sociais, fica responsável pela difusão de campanhas conscientizadoras, mostrando que padrões familiares não existem. Com essas medidas, a sociedade poderá perceber que, independe da composição, a definição de família é onde há amor e união.