Enviada em: 11/08/2017

O filme, ganhador de Oscar, “Beleza Americana” dialoga com a forma com que a aparência física interfere em várias esferas do cotidiano. No Brasil, assim como na ficção, a valorização exacerbada do corpo é uma realidade negativa na vida dos habitantes. Dessa maneira, uma ampla discussão acerca dessa temática, seja pelo viés da atuação da mídia, seja pela perspectiva histórica-cultural, é importante para o bem-estar da população.         Sobretudo a partir dos anos oitenta, o cinema passou a ostentar figuras como Arnold Schwarzenegger, confirmando um culto ao corpo que se estenderia até os dias atuais nos meios comunicativos. Por conseguinte, em uma análise Durkheimiana de indivíduo atrelado ao meio, esses valores propagados tendem a moldar a ideologia coletiva. Essa influência materializa-se na tentativa de cópia do treinamento muscular de celebridades, ou até mesmo na idolatria de toda e qualquer pessoa rotulada como “fitness”. Portanto, a conjuntura abordada colabora para a construção de um grupo social obcecado por um padrão corporal reconhecido pela coletividade. Isso pode levar os cidadãos a usarem, em alguns casos, substâncias anabolizantes, comprometendo sua saúde.          Outrossim, vale ressaltar que o brasileiro possui um histórico de valorização do corpo. Nesse contexto, a aparência legitima o indivíduo em vários quesitos, como atração sexual, ou mesmo habilidade intelectual. Consequentemente, sob a perspectiva da antropóloga e escritora Mirian Goldenberg, essa submissão ao físico atrapalha a passagem por processos naturais do ser humano, entre eles o envelhecimento. Assim, não surpreende a grande busca por rotinas dermatológicas e academias no país, tratando-se de uma clara tentativa de negação à  eventual degradação carnal. Esse fato é constatado por índices que mostram a nação ocupando segundo lugar mundial  em número de estabelecimentos de prática de exercícios, segundo a Agência Brasil em 2014.           É necessário, então, que o Poder Público desenvolva campanhas publicitárias que evidenciem diferentes modelos físicos, contrapondo-se às formas estáticas propostas pela mídia em geral, por meio de entrevistas com artistas que fujam da padronização, mostrando ser possível aliar qualidade de vida  com aceitação das individualidades fenotípicas. Para mais, é fundamental que o Ministério da Educação inclua, na grade curricular obrigatória do Ensino Médio, discussões a respeito da exacerbação corporal no Brasil, dissociando o corpo, no pensamento dos habitantes, da ideia de parâmetro validador do ser humano. Isto posto, é possível mitigar a problemática tratada.