Enviada em: 13/08/2017

Culto à vida       Descontrole. É assim que se pode definir a realidade de pessoas que vivem na busca compulsiva pelo corpo perfeito no Brasil. À princípio, é válido destacar que no decorrer do tempo existiram inúmeros padrões corporais até se chegar ao atual e embora o assunto esteja se tornando algo comum na sociedade contemporânea, grande parte da população está ultrapassando os limites, arriscando a própria vida em troca da "beleza".      Ao longo da história, vários conceitos de perfeição existiram em diferentes períodos. No Antigo Regime, por exemplo, ser "gordinho" era sinônimo não apenas de belo, mas também de riqueza, haja vista que somente a nobreza, que acumulava dinheiro, tinha acesso à fartura de alimentos. De maneira oposta, o século XXI trouxe, junto com as grandes inovações, a crença de que para se encaixar na esfera em que habitam, as pessoas devem fazer o impossível para que estejam sempre magras. Por conta disso, de acordo com estudos, o ingresso às academias está acontecendo cada vez mais cedo, bem como a alimentação incorreta está se solidificando culturalmente, visto que, visando o lucro, diversas tipos de empresas estimulam o uso de medicamentos e a realização de procedimentos que prometem os melhores resultados.      Outrossim, já dizia o sociólogo Durkheim que o indivíduo se apresenta como produto do meio em que vive. Tomando como norte o pensamento do autor, pode-se dizer que quando as crianças entram em contato com as "leis estéticas" já impostas socialmente, - principalmente nas escolas - são induzidas a ter o mesmo comportamento para garantir sua inclusão. A título de exemplo, jovens que não estão de acordo com o que lhes é imposto como simetria corporal, acabam excluídos e sendo vítimas de preconceito. Dessa forma, a consequente estratificação é fator decisivo na intensa busca por dietas e mecanismos comprometedores, que podem levar a óbito.      Destarte, a fim de mitigar a situação abordada, faz-se necessário que o Ministério da Educação promova a orientação infantil através da inclusão do assunto em disciplinas como biologia, redação e atualidades nas instituições educacionais. Em adição a isso, é papel também das famílias a realização do acompanhamento de seus descendentes, além de pressionar estabelecimentos do setor, utilizando o método do "boicote", para que o consumo deixe de estar acima da saúde. Atitudes como essas são indispensáveis para que se pregue o culto à vida, que está muito além dos estereótipos.