Enviada em: 15/08/2017

Na Antiguidade Clássica, sobretudo, em Esparta, um corpo perfeito era sinônimo de prestígio social, pois representava a coexistência de uma preocupação tanto mental como física do cidadão. Hodiernamente, percebe-se que o esforço necessário para alcançar tal objetivo, muitas vezes, acontece de forma danosa à saúde. Isso ocorre mediante a alimentação e a prática de atividades físicas errôneas no que tange à mídia e à indústria do consumo.       Quando o filósofo Rousseau afirmou que apesar do homem nascer livre por toda parte encontra-se acorrentado, ratificou a necessidade de se analisar como a influência dos meios de comunicação determina o comportamento do indivíduo. Tal fato é percebido próximo às datas festivas, como o Carnaval, as quais o excesso de exposição do corpo, pela mídia, contribui para a objetificação da mulher, que vê uma cobrança social em adequar-se aos padrões do país. Desse modo, as dietas restritivas e os exercícios milagrosos ganham destaque, de maneira a estimularem a busca pela autoestima e o convívio em ambiente social, como a praia, em detrimento à reeducação de um estilo de vida saudável.        Além disso, averigua-se que a partir do século XVIII, a mudança econômica da matriz artesanal para manufatureira, modificou a maneira como o homem passou a se alimentar. Isso ocorreu pela necessidade de um consumo cada vez mais rápido para aumentar a produtividade do funcionário na empresa. Entretanto, apesar de a sociedade tentar, ao passar dos anos, evitar a injestão diária de “fast foods” e enlatados, muitas vezes, a publicidade vende produtos saudáveis mascarados por agrotóxicos, sódio e gordura trans. Dessa maneira, a indústria do consumo pode se tornar porta de entrada tanto para transtornos alimentares, como bulimia, como, por meio de suplementos, instigam a vigorexia.        Para evitar, portanto, os danos provenientes da padronização do corpo é necessária a inter-relação de vários vieses sociais. Cabe ao Poder Legislativo tornar as campanhas publicitárias mais realistas, a partir da elaboração de leis que determinem a indicação nas revistas da presença do uso de retoques na imagem das modelos, além de impor como critério de contratação, nos desfiles e campanhas, a presença de laudos médicos os quais comprovem um Índice de Massa Corpórea saudável. É, também, imperativo que as escolas disponham de centros de orientação – com a presença de nutrólogos e professores de educação física – que estimulem a alimentação correta, por meio de hortas plantadas pelos próprios alunos e organizem debates, junto com psicopedagogos e médicos do Sistema Único de Saúde, sobre os transtornos provenientes da padronização do corpo e a melhor forma de combatê-los.