Enviada em: 11/09/2017

O corpo ideal é o saudável  A ideia de "corpo perfeito" é cultural, ou seja, varia de acordo com as condições socioculturais de cada sociedade. Na Antiga Esparta, havia um apreço pelo corpo forte e resistente, pois essa sociedade era extremamente militarizada, e esse era o corpo padrão de um bom guerreiro. Já no Absolutismo Europeu, estar acima do peso era sinal de beleza e de distinção social, porque somente os ricos tinham condições de bancar uma alimentação farta. A cultura capitalista contemporânea, dominante em quase todo o globo, inclusive no Brasil, utiliza os meios de comunicação de massa para vender uma imagem do "corpo ideal", com o intuito de lucrar.  O filósofo Zygmunt Bauman, estudando a sociedade atual, concluiu que a humanidade vive em uma "modernidade líquida". Isso significa que as pessoas de hoje têm mais liberdade para fazer suas próprias escolhas, que são transitórias, pois o indivíduo nunca consegue se satisfazer. Aproveitando-se disso, a indústria da beleza impõe, a todo momento, pelas redes sociais, televisão, filmes, revistas, o "corpo ideal" que se deve ter, por meios "revolucionários". Mas, na verdade, o que se passa é sempre mais do mesmo: o sacrifício da saúde por um pseudo e efêmero estado de felicidade e realização.  Percebe-se, então, que o mercado do "corpo perfeito" tem interesses estritamente econômicos, deixando a saúde da população em segundo plano. Assim sendo, o Brasil se figura como um dos maiores alvos da padronização corporal no mundo, pois, segundo pesquisas da ONU, a nação brasileira é a maior consumidora de "drogas estéticas" – anabolizantes, remédios de emagrecimento, etc –, e, na quase totalidade das vezes, o consumo ocorre sem recomendação médica.  A infeliz consequência desse alto consumo irresponsável é o grande número de pessoas que ficam debilitadas pelo desenvolvimento de doenças como cânceres, problemas fisiológicos, cardiovasculares, psicológicos, entre outros, as quais são responsáveis por um grande número de óbitos no país.  Para evitar que mais pessoas se tornem vítimas do culto ao "corpo perfeito", o Ministério da Saúde deve fazer uso de uma propaganda reversa, pelos mesmos meios utilizados pela a indústria da beleza – redes sociais, televisão, etc – para promover campanhas de conscientização, que desconstruam esse padrão corporal no Brasil, divulgando hábitos realmente saudáveis de se viver, e alimentando a ideia de que o corpo ideal é o saudável. Além disso, tais campanhas devem veicular portais de denúncia da Anvisa, para que a sociedade possa contribuir com a fiscalização contra o comércio das substâncias ilegais que tanto prejudicam a saúde da população.