Enviada em: 21/08/2017

Entendida como consumo cultural, a prática do culto ao corpo coloca-se hoje como preocupação geral que perpassa todas as classes sociais e faixas etárias. A verdade é que há um pré julgamento social baseado na linguagem corporal das pessoas que colocam o consumo alimentar, cultural e forma de apresentação como os mais importantes modos de distinção entre os indivíduos. Além disso, toda essa situação serve para alastrar ainda mais a cultura machista do estupro e a objetificação da mulher na sociedade.            O processo de massificação da mídia a partir dos anos 80 foi o principal disseminador do padrão corporal, a barriga acinturada e os rostos mais belos da televisão Hollywoodiana ficaram eternizados como os novos valores da cultura de consumo a partir daí. O problema dessa alta exposição de um padrão de vida glamouroso se tornou um pesadelo na vida de muitas pessoas que, por questões óbvias, não conseguem acompanhá-lo e acabam apelando para as mais diversas cirurgias plásticas que o mercado oferece, junto com as dietas descontroladas feitas sem nenhum acompanhamento profissional. O resultado é a proliferação de doenças como, por exemplo, a depressão, que é gerada pela eterna busca de algo que não tem nas prateleiras: felicidade e satisfação pessoal.              Outrossim, outra complicação advinda desses padrões de consumo é a figura da mulher que foi cruelmente banalizada pela publicidade, o que contribuiu ativamente para outro fenômeno constante entre o mundo feminino: a auto-objetificação, que nada mais é do que o auto policiamento do próprio corpo. Isso ocupa um grande espaço na vida da mulher e, consequentemente, a atenção para outras coisas de maior importância fica escassa, atrapalhando funções cognitivas, sociais e profissionais. A intensa preocupação com a anormalidade em relação ao padrão estético se converte nos mais variados distúrbios alimentares, menor competição no mercado de trabalho, afetando dessa forma até o prazer sexual, porque a mulher se concentra mais nas posições do seu corpo do que com o próprio ato em si.             Diante do exposto, fica clara a urgência da quebra de paradigmas sexistas enraizados na cultura do corpo social. Como primeira solução, se faz necessária a atuação do poder legislativo no sentido de promover a proteção das mulheres do machismo propagado pela mídia. Além disso, é importante a criação de campanhas publicitárias pelo Ministério da Saúde com o objetivo de valorizar as diferenças e quebrar o paradigma de que somente o corpo magro é bonito, por exemplo com uma propaganda que mostre um endocrinologista aliado a um nutricionista explicando sobre todos os biotipos e também sobre as melhores formas de emagrecer e levar uma vida saudável com o acompanhamento necessário.