Enviada em: 20/08/2017

No século XVIII, a corte portuguesa foi transferida para o Brasil e trouxe consigo o seu repertório sociocultural o que,por consequência, promoveu um processo de europeização da sociedade brasileira da época, criando tendências nesta,como a adoção de vestimentas que representassem o padrão europeu.Além disso, a influência lusitana promoveu não só uma maior preocupação com a estética e com os costumes,mas também a reprodução da padronização do corpo considerado como perfeito e esta ainda perdura no corpo social brasileiro.       De acordo com uma pesquisa realizada pela Sociedade Internacional de Cirurgia Plástica e Estética no ano de 2015, o Brasil é o segundo país que mais realiza cirurgias plásticas no mundo e,ao analisar este dado, é possível concluir que a questão da estética corporal é uma problemática que necessita de maiores intervenções sociogovernamentais, uma vez que todo procedimento cirúrgico pode oferecer um risco à vida do paciente, e a não desestimulação desses procedimentos em casos que visam apenas os arquétipos corporais pode ser responsável por aumentar não só o número de casos de óbito, mas também o de pessoas que tiveram o corpo mutilado por cirurgiões de índole duvidosa, que priorizam o lucro e não o bem estar do paciente.    Ademais, a padronização do corpo é influenciada pela mídia por meio de comerciais que supervalorizam o corpo magro, passando uma mensagem ao público alvo de que este é um sinônimo de saúde perfeita e que,para alcançá-la, deve-se utilizar de inovações medicamentosas e de dietas extremamente restritivas o que, por conseguinte, é responsável por fomentar a busca por intervenções cirúrgicas, uma vez que a ineficiência,ou a demora para se obter um resultado que satisfaça as expectativas do consumidor, de tais proposições midiáticas viabiliza a utilização de um processo estético mais invasivo,mas que, na maioria dos casos, proporciona um resultado mais rápido e com menor esforço.       Infere-se,portanto, que o culto à padronização corporal no Brasil é uma questão de saúde pública e necessita de intromissões sociogovernamentais para ser reduzida. E para isso, o Conselho Nacional de Autorregulamentação Publicitária deve impor sanções aos comerciais que possam promover a busca pela uniformização do corpo e a utilização de medicamentos para a obtenção desta.Além disso, o Conselho Federal de Medicina deve fiscalizar com uma maior eficiência o exercício da medicina para que médicos que priorizam o lucro,e colocam a vida do paciente em risco, sofram penalidades cabíveis.E por fim, o Ministério da Educação deve ministrar palestras nas escolas para desestimular a busca de arquétipos corporais por parte da comunidade jovem,amenizando a problemática.