Enviada em: 22/08/2017

A humanidade, desde a Antiguidade Clássica, presencia o culto à padronização corporal. Na sociedade grega, a relevância atribuída ao corpo atlético tinha como primordial finalidade, a causa militar. Hodiernamente, a herança cultural formada há séculos, é refletida superficialmente em um cenário midiático, onde o ideal da estética é idolatrado sem um propósito além do lucro.    Ao contrário da Grécia, na qual a beleza do corpo não se resumia à estética, mas expressava um modo de vida do cidadão grego, o mundo contemporâneo contou com a ascensão do sistema capitalista, e logo, a busca por um protótipo corporal capaz de fornecer uma maior produtividade. No início do século XX, surgiu a concepção de que mulher magra era sinônimo de beleza, e assim, o cinema americano alicerçado no “american way of life”, ou modo de vida americano, contou com a influência de atrizes para o conceito de perfeição que aplaca o mundo moderno. Consequentemente, os ginásios foram multiplicados em sincronia com os avanços da medicina estética, induzindo à processos para modificar a aparência de acordo com o padrão estabelecido.    Outrossim, a população adolescente, é a mais atingida pela padronização corporal. À medida que o processo de adolescência visa prioritariamente a conquista de si mesmo e de sua identidade, a expectativa de pertencer socialmente pode ter êxito se o indivíduo é julgado pelos padrões vigentes como atraente. No entanto, os adolescentes que não correspondem aos padrões, enfrentam situações problemáticas, tais como os numerosos casos de bullying presenciados nas escolas brasileiras. Nessa situação, é observada a negligência acadêmica quanto à abordagem do tema.    Portanto, é possível denotar, que o homem contemporâneo, nas palavras de Mary Del Priori, serve ao corpo em vez de servir-se dele. À vista disso, é importante que, para solucionar a problemática, primeiramente a mídia, enquanto ferramenta influenciadora de comportamentos e opiniões, desenvolva projetos para propagar a estética corporal com mais heterogeneidade. Ainda, seguindo o pensamento kantiano de que o ser humano é aquilo que a educação faz dele, faz-se necessário que o Ministério da Educação trabalhe em associação com as escolas públicas e privadas, através palestras, enfatizando as diversidades de belezas e a importância da aceitação pessoal.