Enviada em: 25/08/2017

O culto à padronização corporal é uma realidade no mundo e, não diferente, no Brasil. No presente contexto, tem-se, a todo momento, a divulgação de formas físicas perfeitas e meios para se alcançá-las. Sabe-se, contudo, que a valorização do corpo pode ser positiva, desde que venha atrelada à saúde e ao bem-estar, visto que essas noções são complementares. No entanto, a atual questão é o exagero do culto ao corpo que pode ser, em sua maioria, perigosa.       Vive-se, atualmente, a era da pós verdade ocidental e da cultura de massa. Nesse contexto, a tecnologia proporcionou o acesso imediato às mídias e às redes sociais. Verifica-se, nelas, uma intensa divulgação, por meio dos influenciadores digitais, de modelos a serem seguidos, muitas vezes associados ao caráter positivo e à felicidade, de modo a causar frustração nos indivíduos que não se encaixam em determinado padrão.        Somado a isso, o estímulo ao consumismo torna-se, ainda, um agravante do problema. Roupas, acessórios,tratamentos estéticos, academias lotadas, consultas nutricionais, exames e até intervenções cirúrgicas acabam por criar uma indústria do culto desenfreado ao corpo que, diante da desigualdade socioeconômica brasileira, somente uma minoria tem acesso. Assim, perpetua-se a ideia de que a riqueza está diretamente relacionada à plenitude, uma vez que pode arcar com a busca e a obtenção do corpo perfeito, deixando a saúde e o bem-estar em segundo plano.        Como consequência, o culto à padronização corporal pode gerar prejuízos tanto físicos como psicológicos. Transtornos alimentares como  a bulimia, anorexia e dismorfismo corporal fazem parte de uma estatística alarmante no Brasil. Além disso, transtornos psicológicos são recorrentes: a depressão e a ansiedade podem se desenvolver em indivíduos constantemente insatisfeitos com a própria aparência.        Diante do exposto, faz-se necessária a adoção de medidas para a mitigação do problema.  O Conselho Nacional de Autorregulamentação Publicitária (CONAR) deverá regular propagandas que incitem a adoção de padrões estéticos com maior rigidez, promovendo a diversidade de aparências. O Ministério da Educação, aliado as escolas da rede pública e privada, deverá realizar palestras educativas, ministradas por professores e educadores, que abordem o tema. Posto isso, será possível mitigar a busca desmedida e exacerbada pela perfeição corporal.