Segundo Michel Foucault, há uma lógica de disciplinarização dos corpos, decorrente do mundo capitalista, a qual se evidencia por meio de normas preestabelecidas. Nesse viés, é inegável a relação entre a atual e intensa cultura “fitness” e o conceito do filósofo francês, posto que essa atual tendência provém da ditadura de um corpo ideal. Tendo em vista essa problemática, percebe-se que há uma pressão exercida pela sociedade como um todo, sobretudo pela mídia, para determinado padrão de imagem e estética sejam alcançados. Define-se, nesse contexto, como ponto de partida, o fato de que nas sociedades modernas há uma crescente preocupação com o corpo, assim como com a dieta alimentar, decorrente de uma busca por adequação ao padrão imposto, muitas vezes sem respeito pelo organismo e biotipo peculiar concernente a cada indivíduo. Uma vez que o enquadramento dentro dessas normas pode ser inalcançável, pode haver o desenvolvimento de distúrbios alimentares. Prova disso são os números divulgados pelo Ministério da Saúde, os quais indicam a ocorrência de 193 casos de óbito por anorexia no Brasil entre 1996 e 2004. Destarte, é importante ressaltar que essa ditadura da aparência gera transtornos tanto físicos quanto psicológicos, e, portanto, implica em queda da qualidade de vida da população. Outra questão relevante, dentro da mesma perspectiva, está a influência midiática na vida dos brasileiros. É constante a divulgação de propagandas e imagens associadas ao corpo perfeito e ideal, veiculados nas novelas, filmes, bem como nas redes sociais, atrelado a uma vida plena de sucesso e felicidade, compondo de maneiras diferentes diversos estilos de vida. Nesse sentido, a publicidade têm contribuído com essa pressão exercida sobre a sociedade, nas diversas faixas etárias. No entanto, vale ressaltar que os cuidados com o corpo são necessários quando a saúde é o foco, por conseguinte, não devem ser de forma tão intensa e ditatorial como se tem apresentado nas últimas décadas. Por tudo isso, faz-se necessária a adoção de medidas com vistas a combater os relexos negativos do problema exposta. Para tanto, é imperativo que o governo estadual, em parceria com instituições de ensino, promovam campanhas informativas a respeito da necessidade do cuidado com a saúde desassociado de uma necessidade de adaptação a padrões estéticos. É imperativo, ainda, que organizações não governamentais se engajem na promoção de palestras para a comunidade sobre os diferentes distúrbios alimentares existentes e os perigos decorrentes desses. Dessa maneira, será possível respeitar os limites do corpo sem descuidar da saúde, que é o que realmente importa.