Enviada em: 30/08/2017

Imperfeição helenística       A busca pela perfeição física sempre esteve presente nas mais variadas culturas e épocas. Enquanto na Grécia antiga, principalmente na pólis de Esparta, o padrão de beleza estava atrelado a um físico musculoso, no Império Romano pessoas com sobrepeso eram mais bem vistas e consideradas saudáveis. No século XXI, no Brasil, o culto à padronização corporal  segue uma tendência global que limita cada vez mais as singularidades dos costumes nacionais.           Maquiagens, dietas "milagrosas" e cirurgias estéticas, a chamada "indústria da beleza" brasileira é uma das mais lucrativas do mundo e se estende entre os mais diversos setores da economia desde a nutrição a métodos medicinais. Com o culto ao corpo perfeito presente cotidianamente na vida dos brasileiros - através de propagandas em massa nas mídias, de forma direta, e por meio de filmes e programas televisivos indiretamente - o lucro anual dessa indústria cresce cada vez mais deixando clara a preocupação da nação em seguir o ritmo das tendências generalistas.         Dessa forma, casos de doenças psicológicas intimamente ligadas à aceitação do físico, como a bulimia, vigorexia e até mesmo a depressão, cresceram drasticamente nos últimos anos, ao mesmo passo que os lucros da "indústria da beleza" aumentavam. Assim, desenvolve-se, como consequência, um verdadeiro surto na saúde pública, levando países, como a França por exemplo, a tomarem medidas drásticas, como proibir modelos abaixo de determinado peso a participarem de desfiles de moda. Logo, é evidente como o culto ao padrão de beleza atinge e danifica todas as esferas sociais.             Portanto, é de fundamental importância uma mudança de postura por parte do indivíduo no que tange à busca por um corpo ideal, cabendo-o respeitar os próprios limites e manter-se dentro de medidas saudáveis. Ademais, o Estado deve se espelhar em políticas públicas estrangeiras que surtiram efeitos positivos, como as da França, a fim de barrar o controle em massa do padrão corporal pela indústria através da mídia. Destarte, como a televisão é uma concessão pública, cabe as emissoras diversificar os padrões de belezas apresentados de maneira a valorizar a pluralidade física cultural e evitar uma singularidade incoerente com a identidade histórica-nacional.