Enviada em: 24/07/2018

A obra intitulada "A morte de Ivan Ilitch", de Lev Tolstoi, discorre a respeito da falta do senso de coletividade e crítica ao individualismo. Apesar de toda a subjetividade, a trama serve como um gancho para abordar sobre as relações sociais atuais a partir do momento que é corroborada a dicotomia existente entre afabilidade e efemeridade dos vínculos. Dessa forma, analisar os impasses da temática no âmbito social e cultural: eis um desafio à contemporaneidade.    É necessário considerar, antes de tudo, a influência da modernização do setor cibernético. Com o desenvolvimento latente das tecnologias de informação houve a fusão do mundo físico com o virtual. Nesse contexto, o indivíduo assume uma postura característica da modernidade líquida, marcada pela fluidez das relações - máxima postulada pelo sociólogo Zygmunt Bauman -, que induz ativamente no surgimento de movimentos retrógrados e individualistas. Tal fato é corroborado ao citar redes sociais que manipulam a escolha de seguidores ou induzem a busca incessante por "likes" transformando, assim, o meio virtual em uma esfera hierárquica e excludente onde, o "individual" ocupa o topo dessa esfera e o "coletivo" a base.    Convém analisar, também, o papel das instituições sociais. Frases cordiais ditas no cotidiano, respeito mútuo, ajuda ao próximo sem o desejo de recompensa e a prática da solidariedade são alguns dos mais variados exemplos que compõem medidas básicas para um caráter íntegro e cordial. De acordo com Immanuel Kant "o homem é aquilo que a educação faz dele". Concomitantemente, a família como primeiro setor socializador compõe a base das futuras condutas éticas e sociais. Afinal, o conjunto família, escola e sociedade consituem a ótica dominante que reflete ativamente na promoção de um legado cortês.     Fica claro, portanto, que fazem-se necessárias medidas para tornar viável uma sociedade com senso de coletividade e integridade. Assim, a mídia, como grande formadora de opiniões, deve utilizar a ficção engajada para ser um canal de vanguarda e difundir uma cultura de criticidade, seja por meio de documentários, dados e matérias jornalísticas com entrevistas de psicólogos e especialistas no assunto. Também, é de suma importância que as instituições sociais - família e escola - organizem e invistam em políticas públicas que envolva tarefas coletivas, por exemplo, workshops, feiras educativas, competições esportivas, campeonatos de jogos de xadrez e damas, matérias destinadas à leituras coletivas e cultivo de plantas, oficinas de teatro e música, na tentativa de engajar o envolvimento da comunidade em prol de um fim comum. Só assim, com a mobilização de um todo, haverá mudanças.