Enviada em: 11/07/2018

Ao final do século XIX, sob o contexto da Segunda Revolução Industrial, surge no Brasil a narrativa naturalista, marcada pela vigorosa análise social e pelo estudo do coletivo. Nesse viés, destaca-se o nome de Aluísio de Azevedo e de sua renomada obra “O Cortiço”, que enfatiza as dificuldades trabalhistas vivenciadas pelas personagens do romance. No entanto, apesar de ter sido escrita há mais de um século, a narrativa aluisiana mantém-se intimamente ligada à realidade do país, visto que a problemática retratada persiste, seja pela submissão do cidadão a condições degradantes de trabalho, seja pelo aumento da taxa de desemprego no país.        Em primeiro lugar, convém ressaltar que o cenário parental vivenciado nas corporações pré-Revolução Industrial, em que o chefe e o operário viviam como uma família, foi substituído com o fortalecimento do sistema capitalista. Dessa maneira, as relações trabalhistas hodiernas são marcadas pela intensa exploração da mão de obra, submetendo, muitas vezes, os trabalhadores a condições degradantes e a salários ínfimos. Prova disso é que, segundo dados do Ministério Público do Trabalho, mais de 160 mil brasileiros encontravam-se sob essa situação no ano de 2017, dialogando, dessa forma, com a canção “Cidadão”, interpretada por Zé Ramalho, que narra história de um pedreiro que, mesmo após se sujeitar a condições fatigantes de serviço, não consegue usufruir de sua produção, uma vez que sua remuneração é extremamente baixa.        Em segunda instância, o alto índice de desemprego no país contribui para uma menor abrangência das Leis Trabalhistas, criadas por Getúlio Vargas em 1943. Nesse âmbito, pesquisas do Instituto Brasileiro de Geografia e Estatística comprovam que, em 2017, pela primeira vez após a Consolidação das Leis Trabalhistas, o emprego sem carteira assinada superou o trabalho formal em quase 5%, por conta do alto índice de desemprego entre os brasileiros sem qualificação profissional. Assim, é notório que, mediante o atual cenário, a população recorre a alternativas informais de ofício, deixando de usufruir de diversos direitos e ficando sem a proteção estatal no cenário empregatício.       Urge, portanto, a adoção de medidas que solucionem o impasse. Destarte, é necessário que haja uma maior adesão dos profissionais aos sindicatos dos trabalhadores, bem como a criação de novos, visto que essas associações são as principais responsáveis pela denúncia e combate a qualquer tipo de exploração trabalhista. Ademais, cabe ao Ministério da Educação oferecer cursos de capacitação gratuitos, a fim de contribuir com a especialização profissional dos brasileiros, com o fito de facilitar o acesso a empregos formais, de modo a garantir a total abrangência das Leis Trabalhistas. Quem sabe assim, os problemas relacionados no âmbito do trabalho existam apenas na literatura nacional.