Enviada em: 24/09/2017

"Nada se cria, nada se perde, tudo se transforma.", proferiu Lavoisier ao teorizar sobre o caráter cíclico da matéria. Contudo, tal fluidez apontada pelo químico não está presente no Brasil contemporâneo, dado o desequilíbrio entre o consumo e a sustentabilidade. Por conseguinte, é visível a necessidade de retomar o equilíbrio entre fabricação e retorno, de forma a preservar a harmonia entre ser humano e natureza, por meio de ações voluntárias e governamentais.          Em primeira análise, é inegável que o consumo exacerbado, ou consumismo, vem sendo moldado pela mídia de acordo com as necessidades econômicas desde a Revolução Industrial, no século XVIII, quando se aumentou a necessidade de vender os produtos da máquina à vapor. Criou-se, então, a obsolescência programada, isso é, tornar os objetos de desejo cada vez mais descartáveis, a fim de criar uma maior movimentação comercial baseada na supressão do senso crítico. Entretanto, nas últimas décadas, a natureza, fonte de toda matéria-prima, mostrou as limitações desse sistema de produção desenfreado, à exemplo do efeito estufa e da chuva ácida, que demonstram a incapacidade do meio ambiente de renovar-se diante da exploração irracional dos recursos. Portanto, é perceptível que a insustentabilidade é fruto de uma cultura voltada para o atendimento de necessidades econômicas, sendo que essa será resolvida a partir da atenuação do consumismo.     Ademais, o desequilíbrio evidente entre consumo e sustentabilidade está intrinsecamente relacionado com o descaso quanto ao retorno da matéria. Isso porque, a indústria, preocupada com o lucro imediato, importa-se apenas em produzir e vender, deixando a sustentabilidade de lado para adotar um método linear de produção. Todavia, é de extrema importância reiniciar esse ciclo, por meio da reciclagem e do reaproveitamento, para que se possa continuar usufruindo dos recursos naturais. Um exemplo de tal desprezo é a polêmica acerca da Baía de Guanabara que, por estar poluída por resíduos recicláveis, quase deixou de ser palco das Olimpíadas de 2016. Logo, para que se atinja o equilíbrio entre consumo e sustentabilidade, são necessárias ações focadas no reinício do ciclo.             Assim, para que haja sustentabilidade no consumo brasileiro, o MEC deve incluir, no ensino de sociologia, debates sobre o consumismo no país, de forma que instigue o aluno ao senso crítico e evite a manipulação da economia na cultura. Outrossim, ONGs ambientais devem criar projetos para a limpeza de corpos hídricos, por meio de tecnologias de recolhimento de resíduos plásticos, em prol da atenuação dos danos da insustentabilidade na natureza. Por último, o Ministério do Meio Ambiente deve criar palestras, nas comunidades locais, sobre a reciclagem, a fim de conscientizar a população sobre a importância de adotar o aspecto cíclico da matéria, assim como foi o previsto por Lavoisier.