Enviada em: 11/10/2018

No limiar do século XXI, a prática de esportes aparece como uma das melhores alternativas para a inclusão social de pessoas marginalizadas. É mediante tal questão que muitos jovens desenvolvem noções de solidariedade e de disciplina, o que contribui positivamente para a reivindicação da cidadania. No entanto, é indispensável salientar que os investimentos do poder público nos setores de esportes são ínfimos, haja vista que muitos atletas desistem da carreira esportiva por falta de financiamento e de valorização. Diante disso, vale discutir a insuficiência da administração pública para com a promoção da prática esportiva e a importância da educação para a evolução do país.      Em uma primeira abordagem, é fundamental destacar que o esporte foi muito importante para a ascensão social de muitas pessoas. Um exemplo disso é o ex-jogador de futebol e campeão mundial Ronaldo "Fenômeno", que nasceu em uma família pobre da periferia do Rio de Janeiro. Apesar das dificuldades que afirma ter passado na infância, "Fenômeno" foi resiliente e mostrou ao mundo que uma pessoa pobre não deve ser inferiorizada. Entretanto, a falta de oportunidades e de incentivos financeiros impedem que mais jovens marginalizados consigam ascender-se socialmente, de tal forma que grande parcela desse grupo acaba entrando para o "mundo do crime". Nesse sentido, o filósofo Jean-Paulo Sartre sustenta a ideia de que determinadas categorias sociais apresentam privilégios em detrimento de outras, de modo a estabelecer uma convenção a qual ratifica um ciclo de pobreza associada à criminalidade - o que faz do esporte uma ferramenta imprescindível contra a desigualdade.      Outro ponto em destaque - nessa temática - é a relevância da educação para o desenvolvimento da nação. Seguindo essa linha de raciocínio, o educador Paulo Freire defende o pensamento de que, se a educação não pode transformar a sociedade, sem ela tampouco a sociedade muda. Fazendo jus a esse conceito, a inserção da juventude no esporte aumenta consideravelmente a porcentagem de jovens - de 15 a 24 anos - nas escolas, segundo dados do Instituto de Pesquisa de Campinas. De maneira análoga, esses jovens desenvolvem noções de solidariedade, de respeito ao próximo, de determinação, de disciplina e de resiliência com a prática esportiva. Nessa ótica, a conciliação entre esporte e escola colabora para a formação da identidade do indivíduo, de maneira a formar cidadãos aptos para a vida em sociedade. Sendo assim, urge a atuação do Estado.       Fica evidente, portanto, que medidas são necessárias para permitir que mais jovens tenham acesso ao esporte. Cabe ao Ministério do Esporte solicitar o direcionamento de 15% das arrecadações das prefeituras para a construção de quadras poliesportivas em comunidades pobres e financiamento de atletas. Com isso, será possível democratizar o acesso ao esporte e diminuir a desigualdade social.