Enviada em: 11/10/2018

"As duas grandes habilidades necessárias ao desenvolvimento e à formação do ser humano são a arte e o esporte". Sob tal perspectiva, é válido relacionar a frase de Sócrates com a relevância de utilizar o desporto como meio de promover sociabilidade. Não obstante, essa concepção é distante da realidade e, nesse contexto, é oportuno salientar como o preconceito histórico às minorias aliado à falta de estímulo governamental são fatores corroborativos nessa problemática, configurando um grave problema social.       Mormente, no século XIX, o futebol era restrito às elites, praticado somente por descendentes de ingleses e jovens da aristocracia. Sem embargo, o Clube de Regatas Vasco da Gama, nos anos de 1920, foi o pioneiro na admissão de negros e operários. Por conseguinte, diversas agremiações aderiram à conduta inclusiva e, hodiernamente, é possível perceber grande progresso. Jovens desfavorecidos vislumbram o esporte como uma alternativa de ascensão social, além do impacto educativo sobre a vida de estudantes, visto que muitas instituições incentivam a frequência escolar. Todavia, a intolerância ainda persiste, como nota-se no caso do goleiro Aranha, xingado de "macaco" por um torcedor durante a partida, e nos 70% de atletas paraolímpicos que já sofreram algum tipo de preconceito, consoante dados do Instituto DataSenado.       Em paralelo, a Constituição Federal designa ao Estado o dever de fomentar práticas desportivas formais e não formais. Conquanto, certas modalidades são prestigiadas em detrimento de outras, haja vista as dificuldades que atletas de badminton, por exemplo, enfrentam para se manter na profissão. Destarte, se estabelece uma defasagem no mundo desportivo, que acarreta, frequentemente, na desistência de jogadores, podendo levá-los a recorrer à criminalidade. É de suma importância que haja uma maior diligência do Governo com essa questão, posto que, além levantar pautas como consciência coletiva, o esporte tem, ainda, amplo potencial de redução da marginalidade.       Infere-se, portanto, que o esporte necessita ser aproveitado como artifício de incorporação coletiva e ratifica intervenção nesse âmbito. Nesse sentido, é imperioso que o Ministério do Esporte invista veementemente em institutos de educação física em áreas carentes, por meio de repasse de verbas do Governo Federal, a fim de promover o fim da segregação de comunidades. Outrossim, o Ministério da Educação dever realizar debates periódicos nas escolas, ministrados por atletas paraolímpicos, com o intuito de criar uma consciência empática e findar com o preconceito às minorias. Dessa forma, poder-se-á viver em um mundo idealizado à perspectiva de Sócrates.