Enviada em: 21/08/2017

Para Durkheim, sociólogo francês, "o homem, mais do que formador da sociedade, é produto dela". Nesse ínterim, o esporte, no Brasil, se apresenta como grande ferramenta de inclusão social visto que muitos atletas na seleção vieram da periferia e apresentam grande desempenho apesar das dificuldades relacionadas à baixa renda. Entretanto, este potencial transformador é negligenciado haja vista a situação problemática das áreas esportivas públicas e o baixo investimento estatal na formação de atletas.     É indubitável a capacidade do esporte na formação de caráter de seus praticantes transformando-os em cidadãos. O estímulo das virtudes como determinação, trabalho em equipe, respeito e coragem despertam no indivíduo o que Rousseau chamou de "vontade geral", ou seja, o pensamento no coletivo em harmonia com o individual, o qual é de suma importância na exerção da cidadania. Além disso, em meio a grande taxa de evasão escolar (33,3% segundo o portal "esporte.gov.br"), alguns projetos como o "Segundo Tempo" garantem que mais de 40.000 jovens frequentem a escola por amor ao esporte. Logo, infere-se que não só como fonte de entretenimento, este manifesta-se como uma grande zona de influência educacional nos jovens brasileiros.     Todavia, o governo não promove um investimento adequado no esporte como ferramenta social. É evidente pelo fato das áreas públicas destinadas às praticas esportivas serem extremamente desgastadas e sem manutenção adequada. Dessa forma, os jovens atletas tendem a buscar iniciativas privadas, que, muitas vezes, não garantem oportunidades para seguir carreira pois não são acessíveis financeiramente, sendo raros os casos de sucesso. Sob essa ótica, afirmou o secretário do projeto Segundo Tempo, Ghizoni: "uma criança praticando um esporte custa para o poder público 10 vezes menos que um presidiário". Por conseguinte, torna-se evidente o não aproveitamento do potencial transformador do esporte quando não acompanhado de um auxílio Estatal     É mister, portanto, a ação conjunta da população para a total utilização da ferramenta que proporciona diversos benefícios para a sociedade. A priori, cabe ao Ministério da Educação solicitar um maior enfoque às atividades esportivas nas escolas, ensinando a essência das virtudes que formam a cidadania no indivíduo, isso por meio de uma aula interdisciplinar conciliando ética com educação física. Outrossim, o Poder Executivo em parceria com ONGs deve criar projetos filantrópicos que visem a construção de centros esportivos nas cidades para auxiliar os jovens atletas a superar os obstáculos financeiros ao seguir carreira na área.