Enviada em: 29/07/2019

Com o advento da Revolução Industrial no século XVIII, a manufatura cedeu lugar a maquinofatura, ao passo que a Inglaterra e, posteriormente, todo o mundo, aderiram a industrialização de suas produções. Nesse sentido, tal processo propiciou transformações profundas no que tange a produção agrícola e alimentícia, racionalizando-as, produzindo os alimentos ultraprocessados em detrimento dos naturais cultivados tradicionalmente, tirando, assim, o protagonismo dos pequenos agricultores. Assim, o Brasil, que está inserido nesse contexto, enfrenta na atualidade os impactos sociais e no âmbito da saúde decorrentes da alteração do padrão alimentar de sua população.  Segundo um levantamento realizado pela Organização Mundial da Saúde em 2018 no Brasil, o consumo de alimentos artificiais, que são a causa de diversas doenças crônicas, cresceu mais de 50% nos países da América Latina entre 2000 e 2013. De certo, tendo em vista o sistema econômico capitalista no qual a maioria dos países está inserido, que prega a produtividade e o lucro em detrimento da qualidade, torna-se claro o motivo da preferência do mercado em produzir e incentivar o consumo dos alimentos ultraprocessados que, apesar de serem nutricionalmente pobres e danosos para a saúde, são produzidos em larga escala, se tornando mais baratos. Dessa forma, tendo como base as ideias do sociólogo Karl Marx, é necessário que os seres humanos se libertem do fetichismo em relação a mercadoria, que aliena o trabalhador e o faz ver valor intrínseco no produto em vez de analisar a verdadeira natureza de sua produção, que, neste caso, é maléfica a saúde humana.  Ademais, pontua-se também a necessidade de garantir alternativas alimentares saudáveis a população. Nessa perspectiva, os agricultores familiares, consideravelmente lesados não apenas pela intensa industrialização e modernização da produção agrícola, mas também pela grande concentração fundiária existente no Brasil, devem ser valorizados, ao passo que produzem tradicionalmente alimentos de qualidade e, se receberem investimentos, podem garantir melhor alimentação para os Brasileiros, amenizando a problemática do impacto dos alimentos pobres nutricionalmente na saúde.  Portanto, medidas são necessárias para atenuar as problemáticas relacionadas ao consumo de alimentos ultraprocessados no Brasil. De certo, o Ministério da Agricultura deve, por meio de concessões de verbas à agricultura familiar, incentivar a produção de alimentos mais saudáveis em detrimento dos industrializados, ao passo que tal modalidade de produção utiliza-se de menos recursos que possam causar danos a saúde humana. Ademais, deve-se elaborar propagandas que, voltadas a população, informem acerca dos malefícios dos alimentos artificiais a saúde, demonstrando a importância de uma boa alimentação, com a finalidade de mitigar os impactos da alimentação ruim.