Enviada em: 15/05/2017

Aparente democracia                  "O índio autêntico é dono do Brasil. O branco rouba a terra do índio, somos injustiçados e sacrificados. Vim aqui para defender a minha gente." A frase pertence a Juruna, primeiro e único deputado federal indígena do Brasil. A ausência de índios no espaço de poder é absurda e com a fragilização da Funai, os indígenas veem seus dramas se intensificarem frente ao descaso político e falta de incentivos à perpetuação de suas culturas.       Inegavelmente, a realidade dos povos das diferentes regiões do país são diversificadas, mas todos lutam principalmente pelo mesmo direito: a demarcação de terra, com terra fértil que gere sustentabilidade. A instabilidade da Funai, a falta de representação política indígena, a PEC 215 e a ofensiva dos representantes do agronegócio formam uma conjuntura que recolocou em foco a vulnerabilidade dessas tribos, esquecida no silêncio da democracia. Por consequência da omissão do poder público, conflitos violentos se instalam em todo o país, as atrocidades cometidas são percebidas por muitos como uma declaração de guerra e extermínio desses povos.       A incessante luta por direitos se prolonga com a falta de medidas que incentivem, reconheçam e valorizem a cultura indígena. O Brasil é um dos poucos países em que se falam mais de 274 línguas e mesmo assim esse fato não é reconhecido. Na constituição de 1988 houve um avanço com a cultura indígena deixando de ser vista como primitiva e sim posta como riqueza cultural e patrimônio nacional, mas não foi suficiente já que na prática as tribos são tratadas como empecilho social e econômico.       Dado o exposto, é inquestionável os absurdos vivenciados pelas tribos indígenas e a revoltante situação vulnerável em que se encontram. É fundamental a criação de cadeiras na câmara para índios, eleitos pelas tribos, para uma representação indireta mais fiel de seus direitos. A também criação e obrigação, pelo MEC, de cadeiras de direito indígena, existente em poucas universidades brasileiras. O reconhecimento por meio de lei das várias línguas existentes em cada estado do Brasil e a realização por órgãos culturais e educacionais de cada cidade de visitas as tribos para não uma integração e sim uma interação leve e respeitosa.