Enviada em: 15/05/2017

O projeto genocida e etnocida empenhado sobre os povos indígenas que vivem no Brasil e que perdura há mais de quinhentos anos, repercute na supressão desses povos enquanto sujeitos ativos na história oficial do país e na subsequente inadimplência estatal no que diz respeito à garantia da devolução dos territórios que os pertencem. A luta indígena perpassa pela reestruturação da categoria índio enquanto realidade histórico-cultural, o que supõe o combate aos esteriótipos a ela associados e diálogo governamental em prol de suas reivindicações.    Para a comunidade antropológica e outros agentes políticos associados às realidades indígenas, é notável há, no mínimo, quarenta anos a atuação de lideranças indígenas na política nacional e internacional. No entanto, no imaginário popular e nos livros escolares a figura do índio permanece imóvel na pré história do Brasil, numa visão evolucionista ou tão somente enquanto personagem literário romântico, sujeito passivo de um discurso nacionalista, fixo ao passado.    Dessa forma, ao tratar-se das questões do índio no presente, um discurso etnocêntrico e progressista que o rotula enquanto ser preguiçoso e incivilizado torna-se respaldo para grupos associados ao agronegócio pressionarem o governo para que se utilize as terras indígenas em prol da economia nacional.  Além do argumento falacioso, tal exploração pode ser fatal para diversos biomas brasileiros e espécies nativas, como experiências anteriores apontam, assim como se configurar enquanto perpetuação da guerra contra os verdadeiros donos da terra, que há anos têm seus líderes torturados e assassinados como forma de ameaça e incitação à sua saída.    Percebe-se que apesar da inclusão no currículo oficial do ensino da história e da cultura dos povos indígenas há quase dez anos, para que a lei 11645 seja efetiva as secretarias de educação devem investir na capacitação de educadores e escolas na rede pública e fiscalizar o cumprimento da lei na rede de educação privada. Para garantir a demarcação das terras indígenas, a FUNAI deve ter sua autonomia preservada. O reconhecimento, por parte da sociedade nacional, do direito  desses povos à terra pode nos levar ao reconhecimento de que estamos, ainda, diante de massacres e que mister se faz a nossa manifestação e pressão sobre os governantes para que não se perpetuem.