Enviada em: 12/06/2017

"Guerreiros, nasci: Sou bravo, sou forte, sou filho do Norte; Meu canto de morte, guerreiros ouvi". Nesse fragmento de "I-Juca Pirama", Gonçalves Dias manifesta os anseios ultranacionalistas dos poetas românticos ao enaltecer os primeiros habitantes do Brasil. Obstante dessa visão ufanista, os índios brasileiros se tornaram uma parcela desvalorizada, uma vez que a falta de representatividade política e o preconceito enraizado os coloca em um rol de vulnerabilidade.      Essa marginalização descende, sobretudo, de reflexos históricos. Isso porque, a colonização, com as missões jesuíticas, e o dawinismo social europeu, ilustrado nas relações de escambo, fizeram com que a cultura e a crença dos nativos fossem diluídas. Desde então, surgiram os esteriótipos desses povos como selvagens e preguiçosos, com suas "vergonhas" expostas- em referência à carta de Pero Vaz de Caminha-. Assim, a carnavalização da figura dos habitantes primitivos aflora como empecilho para viabilizar o protagonismo indígena na sociedade.     Corrobora para essa perspectiva de minoria a ineficiência dos órgãos públicos nos conflitos agrários. De reflexos histográficos, a demarcação de terras sempre foi a maior bandeira de luta desses povos, principalmente com o avanço do agronegócio. Nesse sentido, entidade como a FUNAI, que pela Lei deveria defender os índios, nega os direitos constitucionais dos mesmos ao formar uma quadrilha partidária que se apossa da máquina pública para corrupção. Por conseguinte, os nativos beiram à margem do descaso e confrontos hostis, como no Maranhão- onde a tribo Gamela foi atacada por pistoleiros- continuam a assombrar os indígenas.    Infere-se, portanto, os obstáculos enfrentados pelos primeiros habitantes do Brasil e a necessidade de valoriza-los como patrimônio do país. Para tal, as instituições de ensino, como agentes de formação, devem enfocar na cultura desses povos não só no Dia do Índio, mas regularmente oferecer palestras visando a quebra de tabus e discursos pautados no respeito. Outrossim, recai no Poder Legislativo garantir os direitos afirmados em Lei das terras dos nativos, através do repúdio às iniciativas anti-indígenas, como a PEC 215. Ademais, é dever da FUNAI a manutenção da segurança de tribos nas áreas demarcadas, encaminhando forças militares aos locais de conflitos territoriais. Quem sabe, dessa forma, os heróis nacionais da Geração Indianista tenham sua identidade resgatada.