Atualidade atemporal Na obra "Casa Grande e Senzala", de Gilberto Freyre, o autor destaca a importância da figura do índio, do negro africano e do português para a formação das bases da sociedade brasileira. Nesse sentido, apesar do multiculturalismo inerente ao Brasil, a problemática do espaço do índio ainda se faz presente, configurando um grave problema a ser enfrentado. Sendo assim, fatores histórico culturais e sociais devem ser levados em conta. Primeiramente, é importante pontuar que a discriminação do índio está atrelada a fatores histórico-culturais, pois, segundo o sociólogo Pierre Bordieu, as estruturas sociais são incorporadas pelos indivíduos. Durante a colonização brasileira, em virtude de uma visão extremamente eurocêntrica e etnocêntrica, diversas foram as tentativas de aculturação desses povos, dentre elas a catequização, denotando a ideologia de inferioridade do indígena que vigorava. Esse pensamento, embora retrógrado, ainda se mantém intrínseco no Brasil hodierno, fomentando o preconceito e discriminação veiculados a eles. Ademais, também dão subterfúgios ao quadro vigente deficitários sistemas educacional e judiciário. Dessa forma, corroborando com a frase de Immanuel Kant, "O homem é o que a educação faz dele", valores atualmente ausentes em muitos cidadãos permitem a continuidade de desvalorização do indígena. Além disso, medidas de caráter lento e pouco eficaz- como prisões rápidas, preventivas e processos não resolvidos- dão lugar à impunidade. Logo, atitudes como invasão de terras indígenas, violência contra eles e até homicídios são pouco repreendidas e, por sua vez, dão continuidade a esse cenário caótico. Fica claro, portanto, a dificuldade dos índios em consolidar seus espaços na sociedade atual. Para mitigar isso, a escola, por meio do engajamento pedagógico às disciplinas de filosofia e sociologia, poderia inserir em sua grade curricular disciplinas como moral e ética, visando debater com os alunos a importância do respeito ao espaço indígena, relacionando-o à história do Brasil. Concomitantemente, o Estado, na figura do sistema legislativo, deve propor emendas constitucionais com o fito de aumentar a punição para aqueles que desrespeitarem o espaço direitos dos índios e, com isso, coibir futuros crimes. Além disso, a mídia, por meio de filmes, séries e ficções engajadas poderia passar à população campanhas de respeito a esse grupo étnico. Sendo assim, poder-se-á desconstruir a mentalidade retrógrada do passado português, e honrar nosso título de país multicultural.